“Mais do mesmo”. Assim os argentinos costumam se referir a repetições de receitas políticas ou para qualificar candidatos que mudam de nome, mas conservam decisões já falidas. A frase portenha, carregada de ironia, infelizmente, se aplica também à greve geral prevista para esta terça-feira (30).
Já assistimos a esse filme, e o final não costuma ser bom. Começa devagar, com panelaços (cacerolazos), bloqueios de ruas, e costuma explodir em violência. A instabilidade levou o país, em 2001, a ter cinco presidentes em 12 dias (Fernando de la Rúa, Ramón Puerta, Adolfo Rodríguez Saá, Eduardo Camaño, Eduardo Duhalde).
O protesto, que já toma as ruas de Buenos Aires em cartazes, deve paralisar os principais setores da atividade econômica argentina, já carcomida pela hiperinflação e recessão.
O presidente Mauricio Macri luta para consertar sua imagem a seis meses da eleição na qual concorrerá ao segundo mandato. Diante das dificuldades, Macri, um liberal, lançou mão de uma medida tradicional de regimes que costuma criticar: interveio na economia e decidiu pelo congelamento de preços para uma série de produtos.
O cenário é tão preocupante que até a ressurreição política de Cristina Kirchner (também “mais do mesmo”) é possibilidade.