Pela segunda vez em menos de dois meses, a jornalista Maria Ressa, CEO do site de notícias Rappler, nas Filipinas, voltou a ser presa, em meio a cruzada do governo contra a liberdade de imprensa no país asiático.
Escolhida uma das personalidades do ano pela revista Time, Maria foi detida ao desembarcar no aeroporto de Manila nesta sexta-feira. Desta vez, foi acusada de violar as leis de nacionalização dos veículos de imprensa.
Em vídeo publicado pelo Rappler, a jornalista aparece deixando a sala de desembarque acompanhada por policiais. Ela foi levada até uma viatura e passou a noite na prisão. Maria deve pagar fiança de US$ 1,7 mil.
A jornalista já havia sido detida em fevereiro, quando um oficial de Justiça esteve na Redação da Rappler. O site, crítico do regime do presidente Rodrigo Duterte, tem sofrido sucessivas tentativas de cercamento do direito de imprensa e expressão.
Dessa vez, Maria é acusada de violar uma lei que determina que 100% dos veículos de comunicação do país sejam filipinos. O Código de Regulação de Valores proíbe a participação de estrangeiros em atividades nacionalizadas, como a imprensa. O Rappler recebeu financiamento da Omidyar Network, um fundo criado pelo empresário americano Pierre Omidyar, fundador e presidente do eBay. Por isso, a Comissão de Valores e Câmbio das Filipinas (SEC) decidiu revogar a licença do site no país. O Rappler recorreu, e o Tribunal de Apelações permitiu que o site continuasse no ar.
Em nota o Fórum Mundial de Editores e a Associação Mundial de Jornais repudiaram a detenção da jornalista: "A contínua perseguição e assédio a Ressa, seus funcionários e diretores, usando o sistema jurídico das Filipinas, são uma clara tentativa de silenciá-la e a Rappler.com", diz o texto.
Maria Ressa foi laureada com a Golden Pen of Freedom (Caneta de Ouro da Liberdade) pela WAN em 2018.