Prepare-se para ouvir algo forte. São vozes que ecoarão na Casa Branca nesta noite e deveriam tirar o sono de Donald Trump.
Durante cerca de sete minutos, crianças aos prantos suplicam pelo pai e pela mãe no momento em que são separadas pelos guardas de fronteira. O áudio, obtido pela Agência ProPublica, começa com o pranto e a frase:
– Eu não quero que parem meu papai. Não quero que o deportem.
Diante de mais gritos, outra criança diz:
– Papai, papai.
Outras crianças gritam: "Mamãe".
Como várias crianças choram ao mesmo tempo, o oficial de fronteira ironiza:
– Bem, temos aqui uma orquestra, certo?
A mãe tenta acalmar um dos filhos:
– "Não chore".
Uma funcionária do consulado diz:
– Este é o número de identificação dela. Guarde esse número. Não o perca, ouviu? Bom. Tchau. Qualquer pergunta não hesite em me chamar, ok?" Dê-me o endereço onde você está, porque eu tenho só o nome do lugar".
Em seguida, o oficial de fronteira questiona uma das crianças:
– De onde são vocês?
– De El Salvador – responde uma delas.
- E tu?
- Guatemala.
- Não chores - diz o oficial.
- Quero ir com minha tia – pede uma das meninas.
- Olha, ela vai te explicar e te ajudar.
A criança segue pedindo pelo pai.
– Pelo menos eu posso chamar minha tia? - implora a menina de seis anos.
– Só uma chamada.
Ela conta que memorizou o número de telefone e, de repente, começa a dizê-lo à representante do consulado.
O áudio dá voz ao sofrimento de cerca de 2,3 mil crianças separadas dos pais nos últimos dias pela política de tolerância zero do governo de Donald Trump com relação aos migrantes.
Há cerca de dois meses, a Casa Branca decidiu adotar tolerância zero contra quem cruza a fronteira ilegalmente. Com isso, adultos são processados criminalmente pela travessia ilegal, e encaminhados a presídios federais. As crianças, que por lei não podem permanecer nesses estabelecimentos, acabam sendo enviadas para abrigos mantidos pelo governo, e ficam sem contato com os pais.
Também nesta terça-feira, a divulgação de novas imagens de abrigos elevou a pressão sobre a Casa Branca.