Como a Constituição brasileira, a Carta Magna dos Estados Unidos estabelece que todos os cidadãos são iguais perante a lei. Mas isso não vale para os atuais inquilinos da Casa Branca.
A decisão do presidente Donald Trump de proibir transexuais nas forças armadas, anunciada em uma série de tuítes carregados de preconceito nesta quarta-feira, faz os EUA retrocederem décadas em um dia. A mensagem na rede social preferida do presidente é peça de museu da discriminação: "Nossos militares precisam estar focados na vitória e não podem arcar com os tremendos custos médicos e a perturbação que os transgêneros representarão para as Forças Armadas", disse.
O anúncio revoga completamente um dos principais avanços dos oito anos de Barack Obama no poder. Antes da presidência democrata, os transexuais (cerca de 13 mil pessoas atualmente nas forças armadas, ou seja 1% do total de militares) eram classificados como "desviados sexuais" e deviam ser expulsos. Com as diretrizes aprovadas sob seu mandato, não só foram totalmente aceitos na caserna como receberam tratamento médico completo nas unidades militares.
Orgulhosos de seu país, muitos americanos, independentemente da orientação sexual, desejam se alistar nas forças armadas.
Foram décadas do "Don't ask, don't tell", "Não pergunte, não conte", termo em inglês para a antiga política de restrição do exército para esforços de descobrir ou revelar membros ou candidatos homossexuais e bissexuais. Parecia passado. Mas, em tempos de Trump, um dos mais retrógrados processos de exclusão da sociedade americana, voltou a fazer parte da cartilha militar.