A glamourização de um bandido. É justamente contra esse passado que Medellín luta e o qual tenta apagar. Muitos turistas que visitam a cidade colombiana querem conhecer locais onde Pablo Escobar viveu e construiu fama. A série da Netflix contribuiu para esse narcoturismo que as autoridades pretendem acabar.
O edifício Mónaco é um desses grotescos pontos do passado de Medellín, no bairro de El Poblado. Era o antigo prédio onde morava Escobar e a família. Em 13 de janeiro de 1988, a explosão de um carro-bomba, com 700 quilos de dinamite, colocou o bairro inteiro em alerta. Começava a guerra do tráfico. A explosão foi encomendada pelo então Cartel de Cali, inimigo declarado de Escobar.
O carro-bomba foi detonado em frente ao Mónaco, onde estavam os dois filhos e a mulher de Escobar. Com este ataque, o cartel de Cali quebrava o pacto de "não atacar a nenhum familiar do inimigo".
Apesar da destruição, nenhum dos familiares do traficante morreu. A partir daí, sua mulher e seus filhos viveriam escondidos até a morte de Escobar, em 1993.
Ocupado pela polícia nacional, o prédio branco de seis andares era luxuoso nos anos 1990. Hoje, não lembra nada de luxo. Ao lado, na área do condomínio, onde havia uma quadra e um parquinho, há mato. Fico imaginando como um homem com milhões de dólares pode ter vivido ali. Me pareceu frio, sem conforto algum. A rua é tranquila. Há uma placa no portão que anuncia os novos proprietários: a polícia nacional.
Volta e meia um que outro turista aparece por lá. A prefeitura decidiu derrubar o edifício Mónaco. No lugar, haverá um parque em homenagem assim vítimas civis, policiais, militares, juízes que morreram à época.
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