Trump na Casa Branca. Putin vitaminado no Kremlin. A Europa em alerta com o terrorismo. A Guerra na Síria... 2017 chegará com incertezas e desafios. Duas eleições importantes – Alemanha e França – podem aprofundar o divórcio na União Europeia, iniciado em 2016 com o Reino Unido. Na América Latina, a Venezuela se liquefaz, e a Colômbia é a nova queridinha da Economist. Veja 11 prognósticos para o mundo no ano que chegará em uma semana.
1) Terrorismo na Europa
Embora enfraquecido, o poder de ataque do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) ainda é grande. Ações na Europa devem continuar em 2017. Não necessariamente serão protagonizadas por integrantes com treinamento na Síria, como nos primeiros atentados. São cada vez mais frequentes ataques de cidadãos identificados com a causa, mas sem ligação direta com o EI – como os presos no Brasil em 2016 antes dos Jogos Olímpicos.
2) Estado Islâmico em baixa
2016 foi o ano em que o grupo terrorista foi reduzido ao extremo no Iraque, restando poucos bolsões no deserto. Mossul, último reduto dos extremistas, deve cair nas próximas semanas. Será simbólico: ali, no alto da mesquita de Al-Nuri, Abu Bakr al-Baghdadi proclamou o nascimento do grupo. Com a queda próxima de Mossul e a tomada total de Aleppo, na Síria, na quinta-feira, o sonho extremista de formar um califado está cada vez mais longe.
3) O dilema alemão
Locomotiva da Europa, a Alemanha abriu as portas para os refugiados do Oriente Médio e do norte da África e enfrenta, agora, a ira do extremismo islâmico. O atentado de segunda-feira deu munição aos conservadores. O problema é o principal obstáculo para a chanceler Angela Merkel, que tentará novo mandato, o quarto, nas eleições legislativas. Segundo pesquisas, 55% dos alemães querem sua permanência, contra 39% que desejam sua saída.
4) Nova Guerra Fria
Depois de anos de hegemonia americana, a Rússia está decidida a retomar a influência dos tempos da URSS. Joga na Síria todas as fichas da projeção de poder. A vitória de Al-Assad em Aleppo é também vitória de Vladimir Putin, que prometeu construir uma relação construtiva com os EUA, mas vai reforçar sua capacidade nuclear. Bem-vindos aos novos tempos da velha Guerra Fria.
5) O que vem depois da guerra
A Colômbia, que nos deu aula de solidariedade na tragédia da Chapecoense, foi escolhida pela revista The Economist o país do ano, por conta do acordo de paz entre o governo e a guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Mas meio século de guerra, que cobrou 220 mil vidas, não termina assim. 2017 será o ano de começar a implementar o que foi acertado. O principal desafio será criar um ambiente de confiança mútua e vencer o ceticismo de parte a parte – principalmente a sensação de impunidade de muitos colombianos que questionaram o pacto.
6) O início da saída britânica
Será o ano em que o Reino Unido iniciará, de fato, sua saída da União Europeia. No dia 31 de março, vence o prazo estipulado pela primeira-ministra britânica, Theresa May, para desencadear o artigo 50 do Tratado de Lisboa, procedimento formal que dá a largada, na prática, ao processo de divórcio.
7) Pobre Venezuela
O modelo chavista está esgotado. Desde que assumiu a maioria no parlamento, a oposição na Venezuela acumulou forças, mas esbarrou nas instituições aparelhadas pelo governo. Nadou, nadou e morreu na praia. Termina o ano sem ter conseguido antecipar o referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro. A Justiça Eleitoral – controlada pelo governo – disse que a consulta só pode ser feita depois de fevereiro. Com isso, se o referendo de fato sair em 2017, quem substituirá Maduro será seu vice, Aristóbulo Istúriz.
8) A era Trump
O dia 20 de janeiro marcará a transição definitiva entre as eras Barack Obama e Donald Trump. Após dois mandatos, o primeiro negro da história americana a chegar a Casa Branca deixará o poder. Um estilo de governar também se despedirá. Carregado pela promessa de “fazer a América grande de novo”, Donald Trump, um outsider da política, assumirá como 45º presidente dos EUA. Cumprirá as promessas de expulsar imigrantes ou construirá o muro com o México? Só 2017 responderá.
9) Síria após Aleppo
Será um ano decisivo para o conflito. Com sua política de terra arrasada, Bashar al-Assad está esmagando a oposição, tornando-se o único ditador da região que conseguiu estancar a Primavera Árabe. Pelo menos 400 mil pessoas morreram no conflito. O êxodo chega a mais de 4,5 milhões. A conquista de Aleppo, quinta-feira, não é o fim da guerra. Mas significa seu ponto de inflexão: como Stalingrado, Saigon e outras batalhas que mudaram o curso da história. Até aqui, Al-Assad vence.
10) Alvo preferido
Em 2016, a Turquia viveu um golpe de Estado, que o presidente Receep Erdogan utilizou como justificativa para endurecer o regime e caçar opositores. O país paga o preço de suas posições políticas e geográficas: na fronteira com o Iraque e a Síria, é caixa de ressonância do que de pior ocorre nas suas barbas. Sofreu pelo menos 10 atentados terroristas. Em 2017, deve continuar sendo um dos alvos principais dos terroristas.
11) Teste francês
Como o Brexit e a eleição na Alemanha, a disputa presidencial na França, em 23 de abril, será um teste para a União Europeia. O país vive uma campanha dominada por assuntos como insegurança, imigração, identidade e Islã. Com a esquerda praticamente sem chances, o confronto de fato deve ser entre a extrema-direita de Marine Le Pen e os conservadores de François Fillon.