Quero começar esta coluna dizendo que cada um sabe o que é melhor pra sua vida. Escolhas são escolhas. E, no meio do futebol, mesmo que envolva sentimento e paixão, a gente só pode aceitar e lamentar. Roger Machado, o maior lateral-esquerdo que eu já vi jogar no Grêmio, atleta laureado, com seus pés na calçada da fama, multicampeão como jogador, nossa cria, é o novo treinador do maior rival.
Confesso pra vocês que essa movimentação me deixou bastante chateada. Roger estava na minha lista de ídolos que jamais poderiam vestir a camisa do Inter, por toda a sua trajetória aqui.
Tenho 35 anos de idade, praticamente cresci com a geração dos anos 1990, na qual Roger fez parte. Tenho ele como um dos meus mais queridos gremistas. E, pra mim, se tu é nosso, tu jamais poderá ser deles.
Sei que isso já aconteceu inúmeras vezes na dupla Gre-Nal, mas pouquíssimas de forma tão identificada como Roger era conosco.
Acho que a sua saída no Grêmio em 2022 foi injusta, sim. Ainda mais da forma que foi, simplesmente trocado por Renato naquela oportunidade do dia pra noite. Mas, em algum momento, eu imaginava que pudéssemos nos reencontrar para corrigir esse episódio. Hoje essa porta, pelo menos pra mim, se fechou.
Em 2021, quando estávamos caindo, Roger foi procurado para nos ajudar e, pelo que se falou na imprensa naquele período, ele não aceitava pegar um clube na metade da temporada. E, mesmo chateada com sua resposta, entendi. Mas parece que sua posição quanto a isso mudou.
Eu juro que estava feliz com a sua retomada no futebol, fazendo um belo trabalho no Juventude, que te estendeu a mão e a segurou quando as coisas não iam bem.
Entendo o desejo de alçar voos mais altos, entendo a ambição de crescer profissionalmente. Todos nós temos isso. Mas não entendo e jamais vou entender manchar uma idolatria.
Que pena. Escolhas são escolhas. Só posso lamentar.