Uma bela matéria do repórter Filipe Duarte aponta a realidade dos clubes da Divisão de Acesso do Rio Grande do Sul. Primeiro, devo cumprimentar os dirigentes destes clubes, porque todos imaginamos o grau de dificuldades que eles enfrentam para fazer futebol, para ver suas comunidades outra vez na primeira divisão do Gauchão e, como prêmio, receber a dupla Gre-Nal em seus estádios.
A parada obrigatória deverá trazer traumas enormes a estas agremiações. Claro que o futebol gaúcho não retorna nos 15 dias marcados pela FGF. Se ficar dois meses parados, o que é bem possível pelo avanço do coronavírus e preocupações das autoridades, já é uma boa.
Como eles farão para pagar seus jogadores? E estes, como sustentarão suas famílias neste período? O quadro é desolador e, o que é pior, não tem o que fazer. A covid-19 deixará rastros de muitas dificuldades, que estão na indústria, no comércio e no futebol. Serão tempos duros, meses em que muita gente terá dificuldade de sobrevivência. Que Deus nos ajude.
Adilson Batista
Adilson Batista foi demitido pelo Cruzeiro e saiu dizendo horrores. Adilson é ídolo do time mineiro. Foi atleta vitorioso e treinador. Em baixa no futebol brasileiro, voltou no final do ano passado, talvez acreditando que pudesse dar a volta por cima. Não conseguiu, como acho que ninguém conseguirá.
Enderson Moreira deixou o Ceará e foi contratado. Vai encontrar um clube com oito pessoas mandando, segundo Adilson Batista, sem organização, com dívidas monumentais e com jogadores ruins para as pretensões de um grande clube.
Trocar treinador nada resolve quando não se tem organização e um mínimo de qualidade no elenco. A grande meta do Cruzeiro é subir para a Série A. Pouca gente acredita que isto acontecerá a curto prazo. Os dados financeiros, técnicos e estruturais do clube estão arrasados. Sendo assim, fica muito difícil para um profissional organizar um trabalho decente.
Gustavo Papa
Em permanente crise financeira, o Brasil de Pelotas buscou uma solução barata e promoveu, meses atrás, o ex-centroavante Gustavo Papa em treinador do seu time. Como a qualidade ficou menor em nome da falta de dinheiro, é claro que ele não conseguiu fazer uma boa campanha.
Foi colocado para a rua pela direção xavante. Se não contratarem jogadores com mais qualidade, ninguém fará milagre. O Brasil-Pel é um dos clubes que poderá dar um salto de qualidade.
Está na Série B do Brasileirão, tem uma grande torcida comparado a outros clubes do Interior, mas não consegue uma gestão que possa dar um toque de qualidade. Só trocar de treinador em nada resolverá.
Abel Braga
Depois da trágica morte do seu filho, Abelão perdeu o rumo como treinador e a graça como pessoa. Um choque deste altera a vida de uma pessoa. O treinador é um ser querido, amigo dos seus amigos.
Apesar de grandalhão, chora com facilidade, e deve ter sentido demais a morte do seu filho. E quem não sentiria? Talvez busque no trabalho ocupação para esquecer esta crueldade que a vida lhe apresentou. Mas tem ido mal.
Seus dois últimos empregos foram no Cruzeiro e depois no Vasco da Gama. Difícil encontrar algo pior no futebol brasileiro neste momento. Agora, volta para casa, talvez à espera de outra oportunidade, sem ter recebido R$ 1 sequer nos seus três meses de trabalho em São Januário.