Abandonado há seis anos, desde que o alvará de proteção contra incêndios venceu, o palco do Anfiteatro Pôr do Sol compõe um dos cenários mais melancólicos de Porto Alegre. Que lugar horrível: coberta de sujeira e pichações, a estrutura inaugurada em 2000 virou uma pequena montanha de entulho.
A prefeitura argumenta que, como a intenção é conceder aquela área à iniciativa privada – que se encarregará das obras de revitalização do chamado trecho 2 da Orla –, não vale a pena investir na manutenção do espaço.
– É muito provável, inclusive, que essa estrutura deixe de existir. Continuará sendo uma área destinada a receber grandes eventos, mas o palco em si foi ficando desatualizado ao longo do tempo – diz o secretário municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, Germano Bremm.
Antes da pandemia, o local ainda recebia dezenas de milhares de pessoas: o último evento foi o VillaMix, em maio de 2019, quando o DJ Alok, o sertanejo Gusttavo Lima e o funkeiro Kevinho, entre outros artistas, se apresentaram no primeiro espetáculo com cobrança de ingressos da história do anfiteatro.
O palco, no entanto, foi uma estrutura provisória montada em frente à construção fixa. Já vinha sendo assim nos últimos anos, e tudo bem. Mas uma reflexão parece indispensável aqui: pode a prefeitura deixar por tanto tempo um bem público caindo aos pedaços sob a alegação de que, sabe-se lá quando, haverá um destino apropriado para ele? É razoável isso? É respeitoso com a cidade?
Segundo a Secretaria Municipal de Parcerias, o edital para conceder aquela área à iniciativa privada deve ser lançado no primeiro semestre de 2022. Quer dizer: dificilmente alguma obra vai começar antes de 2023. Até lá, portanto, estamos condenados a enxergar na paisagem uma montanha de lixo em frente ao Guaíba.
Não é lá muito agradável.