Cerca de 10 servidores devem passar o expediente inteiro consertando, remendando, arrumando e embelezando o centro de Porto Alegre – isso vai ocorrer diariamente, no mínimo de segunda a sexta, conforme o secretário municipal de Gestão Estratégica, Cezar Schirmer. Ele diz que a força-tarefa será permanente, sem data para acabar.
Nesta sexta (28), a partir das 10h30min, uma reunião entre Schirmer e representantes de quase todos os órgãos da prefeitura vai definir esse "grupo de intervenção rápida". Haverá um funcionário para capina, outro para pintura, outro para iluminação, para hidráulica, para calçamento, para poda de árvore, para coleta de lixo e assim por diante.
A ideia, claro, é garantir que o esforço de revitalização do Centro Histórico – que passa por uma série de outras iniciativas do governo Melo, incluindo um plano diretor específico para o bairro – não acabe sucumbindo à deterioração diária da região. Se houver uma nova pichação, por exemplo, ou um novo buraco na calçada, o objetivo é que o grupo de intervenção rápida resolva o problema no mesmo dia.
A estratégia é boa, não há dúvida: em 1982, dois criminologistas americanos, James Wilson e George Kelling, explicaram por quê. Se um prédio com janelas quebradas demorar muito para receber novas janelas, a tendência é de que os vândalos apedrejem mais janelas. E depois invadam o edifício. E talvez até botem fogo nele.
Se ninguém recolher o lixo de uma calçada, as pessoas se sentirão autorizadas a largar bitucas ali, outras porcarias vão aparecer e, depois de um tempo, estaremos levando sacos de lixo para lá. Quer dizer: desordem gera desordem. E qualquer contravenção (como vandalismo ou depósito irregular de lixo) pode dar origem a outras (como consumo de drogas, furto ou assassinato).
Por isso, é fundamental que o poder público consiga se fazer presente, demonstrando intolerância a todo tipo de degradação, pelo menos em áreas estratégicas – já que é impossível fiscalizar a cidade inteira. E não há área mais estratégica do que o Centro. Resta saber se a burocracia e a lentidão estatal vão permitir que o plano dê certo.