Mesmo após a retomada da cogestão, que garantiu flexibilizações nas atividades econômicas, o prefeito Sebastião Melo ainda vai insistir para que os afrouxamentos sejam maiores na capital gaúcha. A solicitação deve ser encaminhada nesta semana ao governador Eduardo Leite.
Melo fará basicamente três pedidos. O primeiro é para que o comércio, os bares e os restaurantes voltem a funcionar nos finais de semana – pelas normas atuais, eles só podem abrir de segunda a sexta-feira.
– Não vejo razão para fechar a cidade aos sábados e domingos. Ainda mais na gastronomia, que já está com 40% do setor falido – disse o prefeito à coluna, acrescentando que "é preciso dar (aos negócios) o mínimo de condições de sobrevivência".
Já durante a semana, Melo entende que os bares e restaurantes deveriam operar no mesmo horário das demais atividades – ou seja, até as 20h, e não até as 18h, como ocorre hoje. Por fim, o terceiro pedido do prefeito ao governador se refere ao comércio essencial. É o caso dos supermercados, que têm permissão para funcionar até as 22h.
– Não deveriam ter limite de horário. O limite de horário é o interesse do empresário. Se um supermercado quiser fechar à uma da manhã, qual é o problema? – questiona Melo.
Segundo ele, quanto mais tempo um supermercado permanece aberto, menores são as aglomerações, porque o movimento se dilui ao longo das horas. O secretário municipal de Enfrentamento ao Coronavírus, César Sulzbach, vai levar as solicitações do prefeito nesta semana a uma reunião com representantes do governo do Estado.
A maior parte dos epidemiologistas e diretores de hospitais já havia criticado o retorno da cogestão – e a consequente flexibilização das atividades nesta semana. Sobre os novos pedidos de Melo, que afrouxariam ainda mais as restrições, o infectologista Ronaldo Hallal, membro do Comitê Covid-19 da Sociedade Riograndense de Infectologia, resume assim:
– É virar as costas para a ciência. A epidemia está descontrolada, temos um colapso no sistema, risco de faltar itens básicos para manter as pessoas vivas, número de mortes elevadíssimo, taxa de propagação do vírus muito alta, pessoas morrendo por falta de UTIs. O que mais falta acontecer para as medidas serem duras?