Com a situação das UTIs finalmente controlada, a prefeitura de Porto Alegre reconhece a necessidade de avançar em novas flexibilizações, mas não no ritmo que o empresariado quer.
O comércio pressiona para funcionar aos sábados, e os restaurantes pedem para abrir durante a noite. Essas duas demandas – discutidas nesta terça-feira (25) em uma reunião entre o prefeito e as entidades empresariais – dificilmente serão atendidas nesta semana. Porque o governo municipal agora segue duas diretrizes:
1) Não abrir tudo ao mesmo tempo, ou de forma muito acelerada. A prefeitura entende que essa urgência contribuiu, em junho, para que as atividades econômicas voltassem a ser fechadas. A estratégia, agora, é fazer liberações mais lentas e graduais, sempre esperando duas semanas antes de um novo afrouxamento – esse é o prazo para mensurar o impacto no sistema de saúde. E ainda faltam seis dias para a reabertura do comércio completar duas semanas.
2) Antes de ampliar o funcionamento de algumas atividades, o governo reflete se o melhor, primeiro, não seria liberar atividades que ainda seguem suspensas. Um exemplo são as escolas profissionalizantes: a prefeitura considera os cursos importantes em um momento de retomada econômica, com tanta gente em busca de emprego. Se comparado à educação básica, o número de estudantes é pequeno – e o fato de serem adultos facilita o cumprimento de protocolos, como a distância entre os alunos.
Em resumo, a intenção da prefeitura ainda é evitar que muita gente esteja na rua ao mesmo tempo. Por isso, se libera uma coisa, tende a não liberar outra. Atividades com potencial para gerar eventos sociais – como o funcionamento noturno de restaurantes – também preocupam. Porque, como se sabe, aglomerações em locais fechados, com o perdão do trocadilho, são um prato cheio para o vírus.
No caso do comércio, o principal argumento para abrir no sábado é, também, a maior razão do governo para resistir à liberação: o número de consumidores mais do que dobra nesse dia. Bom para a economia, ruim para o distanciamento. A tendência, por enquanto, é de que lojas e restaurantes só recebam boas notícias na próxima semana.