Nunca os dados mostraram uma desaceleração no contágio tão consistente como agora. Os números mais recentes da Secretaria Municipal de Saúde revelam que, na semana passada, Porto Alegre teve 1.973 novos casos de coronavírus. Parece muito, mas, na semana retrasada, foram 2.294. Na anterior, 2.535. E, nos sete dias entre 13 e 19 de julho, chegamos a 2.712.
Ou seja, de lá para cá, a quantidade de novos infectados caiu 30%. A prefeitura acredita que a queda deve se repetir nesta semana, mas só teremos esses números daqui a seis ou sete dias. Outro dado que chama atenção é o da ocupação dos leitos de UTI – todas as decisões do poder público (se abre ou fecha, se restringe ou libera) são baseadas nesse índice.
Houve uma estabilização indiscutível. Às 18h desta quinta-feira (20), eram 309 pacientes internados em estado grave. Trata-se do número mais baixo desde 4 de agosto. Na quarta-feira (19), eram 328 internados; na terça (18), 330; e, na segunda (17), 335.
– Estamos num platô (quando o número de infectados para de crescer). A cada dia que passa, temos menos risco de colapso (no sistema de saúde) do que no dia anterior – diz o secretário municipal adjunto de Saúde, o epidemiologista Natan Katz.
Natan ainda ressalta que, há três semanas, a prefeitura tinha 38 pedidos de abertura de leitos de UTI vindos de hospitais e pronto-atendimentos. Essas solicitações caíram agora para 27, o que, segundo ele, indica um claro recuo na pressão sobre o sistema. Mas o secretário pede cautela.
– O momento é sensível, ainda temos muito pouca gente com anticorpos. Se a cidade voltar a se movimentar rápido demais, podemos ter problemas de novo – avalia Natan, reforçando a necessidade de manter o distanciamento social, os cuidados com higiene e o uso correto da máscara.
É nesse clima de precaução que a prefeitura evita liberar tudo de uma vez – o comércio e os restaurantes têm funcionado com limitações de dias e horários. Mas a probabilidade de novos afrouxamentos é, de longe, muito maior do que de novas restrições. Com números tão promissores, Natan diz que dificilmente alguma atividade será novamente fechada, ao menos em um futuro recente.
Quer dizer: não dá para botar a mão no fogo, mas há motivos, sim, para acreditar que o pior já passou.