Os primeiros dois dias com bares reabertos na Capital acenderam uma dúvida: como dividir uma cerveja com outra pessoa – ou como devorar um xis – usando máscara? É impossível.
Mas a máscara é obrigatória em todo o território gaúcho, inclusive em "estabelecimentos destinados à utilização simultânea por várias pessoas". É o que diz o decreto do governador. Já a prefeitura, em nota técnica publicada no dia 8, recomenda mas não obriga o uso de máscara em locais fechados. E aí, devo usá-la no bar ou não?
Aliás, em regiões com bandeira laranja – que é o caso de Porto Alegre –, o governo estadual autoriza a reabertura só de restaurantes. De bares, não, justamente para evitar os ajuntamentos. Mas, embora os pubs e casas noturnas sigam fechados, uma série de botequins retomou as atividades na Capital. Por quê?
Porque os alvarás permitem ambientes meio híbridos: alguns dos melhores bares da cidade são aqueles que, oficialmente, têm permissão para funcionar como restaurante ou lancheria. Eles estão no Bom Fim, na Cidade Baixa, no Moinhos, na Tristeza. E é exatamente nesses locais, onde as pessoas vão para descontrair, não só para comer, em que os protocolos estão menos claros.
Adianta uma distância de dois metros entre as mesas, se 10 pessoas – todas sem máscara – estão sentadas à mesma mesa? Adianta chegar de máscara, tirá-la para beber e, no final, colocá-la outra vez sem lavar? É difícil impor regras tão duras a ambientes que se propõem a oferecer liberdade, animação e descanso. Mas virou uma necessidade.
Não tenho dúvida de que não é o momento para happy hours memoráveis, nem para reunir turmas grandes, nem para festejar aniversários. O bom senso precisa prevalecer. Mas também é preciso que alguém nos oriente.