Imagens que mostravam dezenas de bicicletas amontoadas – a maioria pronta para ser engolida por caminhões de lixo – agitaram as redes sociais nos últimos dias. Eram bikes da Grow fotografadas em Goiânia e Florianópolis logo após a empresa encerrar as operações em 14 cidades brasileiras – inclusive em Porto Alegre.
A pergunta mais frequente nas redes era por que, em vez de jogar fora, não doavam as bicicletas. A Grow respondeu que as bikes tiveram três destinos diferentes: "Doação, manutenção ou reciclagem". Questionada pela coluna, a empresa garantiu que, em Porto Alegre, fez exatamente a mesma coisa.
Perguntamos quais instituições ganharam bicicletas. A Grow só citou o Instituto de Educação Infantil Vitória, uma escolinha com 120 alunos no bairro Humaitá, na Zona Norte. Segundo a diretora do Vitória, Sandra Ferreira, o instituto recebeu 10 bikes no dia 16 de dezembro – mais de um mês antes de a empresa anunciar que deixaria a capital gaúcha.
– Fizeram um festão aqui, passaram a tarde com as crianças, deram até capacetes. Disseram que seríamos um dos polos de bicicletas gratuitas em Porto Alegre – conta Sandra.
Ou seja: em algumas regiões da cidade, nas periferias, o aluguel de bicicletas não seria cobrado. Era um projeto da Grow para permanecer na cidade, não para sair. Após a decisão de deixar Porto Alegre, não se tem notícia de que outras instituições tenham recebido doações.
Já as bicicletas encaminhadas à reciclagem, segundo a Grow, não estavam "em condições adequadas de uso, o que poderia oferecer risco para usuários". Por fim, as que tiveram como destino a "manutenção", conforme a companhia, estão "armazenadas enquanto a empresa busca parcerias públicas e privadas para fortalecer e expandir sua operação".
A Grow nunca revelou quantas bicicletas mantinha em Porto Alegre. No início das operações, a EPTC falava em 400, mas é provável que o número tenha crescido. De qualquer forma, apenas 10 foram doadas.
Leia a íntegra da nota da Grow:
"A Grow esclarece que, em seu processo de reestruturação, as bicicletas retiradas das ruas de Porto Alegre tiveram três destinações – doação, manutenção ou reciclagem. O Instituto Educacional Vitória, da capital gaúcha, recebeu doações de equipamentos em boas condições.
A empresa atua de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos. A PNRS prevê o conceito da logística reversa, ou seja o reaproveitamento ou descarte apropriado de materiais, com foco na preservação ambiental.
As bicicletas recicladas foram recolhidas, pesadas, prensadas e posteriormente transformadas em matéria-prima para novos produtos à base de materiais como ferro e borracha.
Além disso, cabe informar que:
1. Esses equipamentos estão sendo reciclados por não estarem em condições adequadas de uso, o que poderia oferecer risco para usuários.
2. O processo de logística reversa adotado pela empresa respeita, como ressaltado acima, as normas ambientais que tratam da questão.
3. O local utilizado no processo de logística reversa é adequado, bem como o prazo para concluir essas ações.
4. A Grow atua apenas com parceiros certificados, o que proporciona segurança jurídica e ambiental à operação.
Sobre as patinetes, elas foram transferidas para as cidades onde a operação permanece em funcionamento."
Com Rossana Ruschel