Pintor de letreiros há quase quatro décadas, Maurílio Duarte, 52 anos, achava horríveis aqueles rabiscos no guarda-corpo da ciclovia da Ipiranga. Como a coluna mostrou no ano passado, algum entendido em plantas havia pichado ali o nome das árvores: ipê-roxo, pau-ferro, hibiscus etc.
Por conta e tinta própria, Maurílio decidiu reescrever tudo. Desde domingo, já cobriu com esmero 16 pichações. Ainda faltam 58.
– É dose conviver com uns rabiscos desses. Dá para deixar mais bonito. Eu posso e quero dar esse presente à cidade – diz ele.
Diariamente, por volta do meio-dia, Maurílio volta para continuar o trabalho do ponto onde parou. Gasta cerca de uma hora e meia, o suficiente para seis ou sete pinturas. Para concluir o trajeto inteiro, que vai da Avenida Praia de Belas até a Rua Alcides Cruz, a estimativa é de mais 15 dias.
Ele não é o primeiro a tentar levar capricho às pichações que em fevereiro de 2018 começaram a pipocar às margens do Arroio Dilúvio. Em agosto, uma agência de comunicação chegou a elaborar um modelo de adesivo para cobrir os rabiscos com informações sobre os vegetais – mas a Secretaria Municipal do Meio Ambiente não deu muita bola para história.
Embora as intervenções sejam ilegais, como qualquer outra pichação, Maurílio não acredita que possa se incomodar:
– Não acho que a prefeitura vá me processar. Estou fazendo algo legal pela paisagem.