Lá em casa nunca tinha aparecido nenhuma e, só neste ano, já foram quatro! Não é por acaso: há de fato mais baratas em Porto Alegre. Embora elas sempre se proliferem quando as temperaturas sobem, dedetizadoras confirmam que a demanda cresceu em comparação a verões anteriores.
– Trabalho há 32 anos com isso e, ao menos que eu lembre, nunca houve tanta barata – diz o sócio-gerente da Limpa Tubo, Vanderlei Zarichta.
O número de chamados para exterminar o inseto, segundo Vanderlei, cresceu 30% em comparação ao verão de 2018. É o mesmo percentual estimado por Gabriel Santos, sócio da Antinset Dedetizadora:
– Muita gente tem pânico, então há vários pedidos com urgência.
– E a quantidade de baratas mortas, após a aplicação do veneno, é muito maior – complementa Irineu Nincao, técnico da Blitz Controle de Pragas.
A explicação para o fenômeno
As três empresas apontam Cidade Baixa e Centro Histórico como alguns dos bairros mais atingidos pelas baratas – eu aqui, morador da Cidade Baixa, que o diga. Mas por que a baratama aumentou tanto?
Segundo o biólogo Milton Mendonça Jr., professor da UFRGS especialista em Ecologia de Insetos, quanto mais altas as temperaturas, melhores as condições para as baratas se reproduzirem. Ao acelerar o metabolismo dos insetos, o calorão ainda estimula os bichos a deixarem seus abrigos – no inverno, as baratas se recolhem.
– Janeiro foi um mês de calor excepcional em Porto Alegre – confirma o meteorologista Caio Guerra, da Somar.
Para se ter uma ideia, a média diária das temperaturas máximas de janeiro, nos últimos 30 anos, foi de 30,5ºC. Neste ano, a média saltou para 32ºC – bem mais alta que os 29,5ºC do mesmo mês de 2018. Por isso a proliferação de baratas disparou.
A melhor forma de evitá-las é tapando os ralos e evitando o acúmulo de lixo – até farelos são um atrativo para elas, que se alimentam de todo tipo de resíduo orgânico. Notícia boa: segundo o meteorologista Caio Guerra, o calor extremo deve recuar em fevereiro. As baratas vão continuar, claro, mas já numa empolgação menor.