Com três metros de largura por quatro de comprimento, o barraco de madeira onde Cris vivia com a família – sem banheiro nem luz elétrica, sem água encanada nem fogão, sem guarda-roupa nem geladeira – enfim deu lugar a um lar de verdade.
A colorida casa de 38 metros quadrados, erguida no mesmo terreno do antigo casebre, no bairro Parque Índio Jari, em Viamão, ficou pronta no sábado. E a construção só foi possível porque dezenas de pessoas doaram sacos de cimento, tijolos, telhas, esquadrias e toda a mobília da residência.
– É difícil cair a ficha de que eu tenho uma nova vida. Deito na cama, ouço o barulho da chuva e não sinto um pingo sequer caindo no quarto – diz a ex-moradora de rua Teresa Cristina Araújo, a Cris, de 38 anos.
No final de novembro, a coluna já havia mostrado a mobilização liderada pelo pintor de parede Claudio Roberto da Costa, 55 anos – ele nunca aceitou dinheiro para a obra. Os doadores, que entravam em contato com Claudio pelo Facebook, agora têm seus nomes expostos em plaquinhas fixadas em uma parede lateral da casa, do lado de fora.
– Enquanto as obras avançavam, sonhei que a minha casa tinha um arco-íris na frente. E o Claudio realizou mais esse sonho para mim – conta Cris, orgulhosa da fachada em cores vibrantes.
A construção foi comandada por André Ricardo Reis, 47 anos, um músico que já foi pedreiro e mora do outro lado da rua. Ele trabalhou de graça de domingo a domingo e, como se não bastasse, quando o velho barraco foi demolido, decidiu hospedar Cris em sua própria casa. Não só Cris, mas também o namorado dela, Rafael Rodrigues, 28 anos, a filha, Ana Paula, 16, e um bebê de seis meses adotado pelo casal.
– Minha renda caiu durante esse tempo, mas dinheiro nenhum me faria melhor do que isso – sorri André.