Blocos, prefeitura, população, patrocinadores, está todo mundo meio perdido. Enquanto o Carnaval de rua continuar vetado na Cidade Baixa, por conta de uma liminar deferida há um mês, ninguém vai saber direito como será a festa em Porto Alegre – não só no bairro boêmio, mas na Capital inteira.
A ideia da prefeitura era lançar um edital convocando blocos a se inscreverem. E esses blocos manifestariam interesse pelos locais onde gostariam de desfilar: além da Cidade Baixa, bairros como Restinga, Santana, Jardim Leopoldina, Centro e IAPI já contam com agremiações tradicionais.
O governo municipal pretendia, então, com verba de patrocínio, fornecer a estrutura para um Carnaval descentralizado na cidade – com a intenção, inclusive, de reduzir a concentração de pessoas na Cidade Baixa. Só que os blocos deveriam começar a desfilar em janeiro, no máximo em fevereiro. E o edital não sai nunca.
– Ainda estamos discutindo internamente qual é o melhor formato (para o Carnaval). Mas dependemos também dessa definição sobre a Cidade Baixa – diz a coordenadora do Escritório de Eventos da prefeitura, Natália Medeiros.
Está marcada para amanhã uma audiência de conciliação na Justiça, envolvendo também o Ministério Público, para debater a derrubada da liminar. A proposta do Executivo será limitar a festa na Cidade Baixa apenas aos quatro dias do feriadão de Carnaval, no início de março. Nessas mesmas datas, ainda haveria blocos desfilando na orla do Guaíba – que é para as multidões não se aglomerarem em um único ponto.
Mas, enquanto o edital segue trancado, entidades carnavalescas de Porto Alegre começam a demonstrar impaciência: algumas já querem organizar eventos independentes, sem participação da prefeitura.
– Temos várias empresas que topam patrocinar, além de tratativas com segurança privada, produtoras, fornecedores de banheiro químico. A gente quer fazer acontecer, mas o município não ajuda – reclama o presidente da Liga dos Blocos Descentralizados de Porto Alegre, Otávio Pereira.
A orientação interna na prefeitura, por ora, é não licenciar eventos de Carnaval antes de uma definição sobre a programação oficial. Até lá, vai seguir todo mundo meio perdido.