Associados ao mau cheiro, à sujeirada e à transmissão de doenças, os gambás têm chamado atenção nas últimas semanas em praças e ruas da Capital. Normal: é época de reprodução desses animais, portanto a população aumenta sensivelmente. Só que aumentam também os casos de violência contra eles.
– Essa reação agressiva vem do preconceito e da falta de informação sobre o gambá-de-orelha-branca (espécie encontrada em Porto Alegre), um marsupial que não faz mal a ninguém – diz a bióloga Soraya Ribeiro, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smams).
Ao contrário de mamíferos que habitam a América do Norte, por exemplo, esses gambás não exalam cheiro ruim. Tampouco vivem no lixo, como alguns pensam, pelo contrário: segundo Soraya, eles têm o hábito de ficar se lambendo como gatos, justamente por se preocuparem com a higiene.
– Neste ano, estamos com mais casos de violência do que o normal. Muitos chegam com marcas de pauladas na cabeça ou com a mandíbula fraturada – conta a veterinária Gleide Marsicano, da clínica Toca dos Bichos, que trata gratuitamente animais silvestres em convênio com Smams, Ibama e Batalhão Ambiental.
Só nos últimos três dias, 19 gambás foram recolhidos pelos órgãos ambientais e entregues a Gleide. Desde setembro, o número já passa de 200. Nem todos foram agredidos – boa parte é de filhotes que perderam a mãe pela cidade.
– É um animal extremamente pacífico. Pena que as pessoas ainda se assustem com animais da fauna silvestre – lamenta a bióloga Soraya.
Os gambás, aliás, deveriam ser muito bem-vindos: além de se alimentarem de insetos e roedores, comem até o venenoso escorpião-amarelo, que se espalhou por Porto Alegre em 2018.