A prefeitura, em resumo, quer eventos na rua. Entende que é bom para a cidade, para a economia, para o consumidor. Essa é a visão de Marchezan e de seus secretários – por isso, o município trabalha para que uma série de comerciantes possa, no próximo sábado (17), realizar suas festas de Saint Patrick's Day no espaço público.
Mais de 10 solicitações tramitam na prefeitura: são eventos em Petrópolis, Navegantes, Rio Branco, São Sebastião, Bom Fim, Cidade Baixa e Moinhos de Vento. Já deveriam ter sido autorizados há tempo, mas o Ministério Público tem outra avaliação:
– Todos os bares que solicitaram eventos têm alvarás para fazer a festa dentro dos limites do seu estabelecimento. Por que não fazem? Eles querem eventos na rua, mas aí começa o conflito com a vizinhança – diz o promotor do Meio Ambiente Alexandre Saltz.
Às 14h30min de hoje, uma reunião entre Ministério Público, prefeitura, Brigada Militar, moradores e comerciantes discutirá "uma solução para compatibilizar a festa com os direitos da sociedade", nas palavras de Saltz.
– Qualquer festa de Saint Patrick's Day, em outros lugares do mundo, termina às seis da tarde. Há uma consciência cidadã das pessoas em relação à utilização do espaço público. Aqui, o mais razoável seria que a festa ocorresse nos locais aptos para isso, que são as casas de diversão – defende o promotor.
O coordenador do Escritório de Eventos da prefeitura, Antonio Gornatti, diz que os comerciantes solicitam festas na rua "porque são eventos de exceção", maiores do que os bares conseguiriam comportar.
– É como a igreja no domingo de Páscoa: vai ter gente do lado de fora. Se você tem um evento de cerveja no dia da cerveja, seu estabelecimento sempre será pequeno – avalia Gornatti.
Segundo ele, em datas festivas, como Saint Patrick's Day, a aglomeração de pessoas ocorrerá espontaneamente nas ruas, mesmo que o poder público tente evitá-la – sendo assim, afirma Gornatti, é melhor contar com a iniciativa privada para garantir estrutura, segurança, banheiros químicos e limpeza:
– Sem falar que esta é uma tendência mundial. O esporte saiu das academias e foi para as praças, a arte está deixando os museus e indo para as ruas, a gastronomia já se reinventou com os food trucks. É um erro lutar contra isso.