O título da coluna dessa quinta-feira ("Não vai ter festa na Padre Chagas") estava errado, me desculpem. A verdade talvez seja dura para quem mora na mais badalada rua do Moinhos de Vento, mas ela é indiscutível: não é porque os moradores vetaram a ideia dos comerciantes — que propunham fechar a via e montar uma robusta estrutura —, que a festa de Saint Patrick’s Day vai desaparecer. Não vai.
Milhares de pessoas irão à Padre Chagas no dia 17 de março, quer os moradores queiram, quer não. A prefeitura já recebeu outras três solicitações de eventos para o mesmo dia nas adjacências: um na Praça Maurício Cardoso, outro no Parcão e um terceiro na própria Padre Chagas, em um estacionamento.
— Se os organizadores atenderem às exigências e não houver qualquer impedimento técnico, as propostas devem ser aprovadas — adianta o coordenador do Escritório de Eventos da prefeitura, Antonio Gornatti.
Some-se isso a uma "tradição recente" de comemorar o Dia de São Patrício naquela rua e, não tem jeito, ela acabará tomada de gente. Por mais legítimo que seja o protesto dos moradores contra o barulho incessante, o rastro de lixo, a bagunça e a depredação, a melhor alternativa me parece aceitar a proposta dos bares de fechar a via.
Porque, quando se veta o evento, está se vetando apenas a organização desse evento – não haverá banheiros químicos, nem fiscalização de ambulantes, nem hora extra para a Brigada, nem hora extra para a EPTC, nem taxa de limpeza para o DMLU. E o estrago será maior: semelhante ao que ocorreu na madrugada de segunda para terça-feira na Cidade Baixa, quando as consequências da selvageria foram mais evidentes porque não havia nenhum evento estruturado em plena véspera de Carnaval.
Sou solidário aos moradores da Padre Chagas, mas esta é uma guerra perdida – a saída é atenuá-la.