A ideia era contratar seguranças, revistar frequentadores, bloquear acessos à rua, impedir superlotação, montar palcos com bandas, um espaço para crianças e 25 quiosques ao longo da via. Mas a proposta dos bares para realizar a festa de Saint Patrick's Day na Padre Chagas, em 17 de março, foi rejeitada pelos moradores. E os comerciantes desistiram.
— Não tem como fazer um evento desse porte em um bairro como o Moinhos, onde a quantidade de idosos é enorme. Os moradores ficam impossibilitados de sair de casa. Se alguém passa mal, não chega uma ambulância — justifica Marco Pucci, da associação de moradores Moinhos Vive.
A resistência à festa de Saint Patrick é consequência dos excessos das últimas edições. No ano passado, 35 mil pessoas foram à Padre Chagas e, embora os organizadores tenham encerrado o evento às 22h, como combinado, a agitação prosseguiu com carros tocando música alta até de manhã — além de moradores insones, o saldo foi de lixo nas calçadas, jardins estragados e muros urinados.
Para este ano, cerca de 20 bares buscariam R$ 1 milhão em patrocínios para a festa. Sessenta por cento do valor seria aplicado em segurança, inclusive para monitorar a quantidade de pessoas que entrasse na Padre Chagas, evitando superlotação. Mas, em reunião no último dia 5, os moradores foram contrários.
— Resolvemos respeitar as pessoas que moram aqui e recuar nesse projeto. Mas faz uns três anos que a rua fecha espontaneamente. O evento vai acabar acontecendo, com ou sem organização, e temo que os estragos possam ser maiores — prevê Gabriely Muñoz Rocha, sócia do Mulligan Irish Pub, que liderava a proposta dos comerciantes.