Responsável pela Cidade Baixa e por outros sete bairros da Capital, o 9º Batalhão de Polícia Militar tem sempre essa tarefa no fim de semana: patrulhar a conturbada Rua João Alfredo, epicentro de um acalorado embate entre moradores e frequentadores.
O comandante da tropa, tenente-coronel Eduardo Amorim, revela nesta entrevista sua estratégia para acabar com os excessos sem arruinar com a vida noturna.
Como é possível resolver essa situação na Cidade Baixa?
Além do patrulhamento noturno, a Brigada Militar tem feito barreiras de trânsito em conjunto com a EPTC e com a Guarda Municipal. Nosso foco são os frequentadores que aumentam o volume do som na rua. Há fiscais da EPTC em pontos estratégicos para multá-los e, quando esse pessoal enxerga a Brigada se aproximando, o som é desligado.
Então, esses infratores não chegam a ser abordados?
Não, as multas vão para a casa deles. Sabemos que há pessoas ali querendo gerar tumulto. Portanto, se boto uma tropa para abordá-las em meio a 400 ou 500 pessoas e um tumulto ocorre, gente que nada tem a ver com a situação pode ser atingida, talvez até pisoteada. Não temos medo, temos responsabilidade.
O Código de Trânsito Brasileiro prevê a apreensão do veículo em casos de som alto. Por que isso não é feito?
O princípio é o mesmo: um guincho – que é um veículo pesado para manobrar – no meio de uma multidão é um cenário propício para acidente. Na eventualidade de um confronto, o guincho arranca e o que acontece? Não à toa, quando fazemos as barreiras, os guinchos ficam em local sem muita concentração de carros.
Uma presença mais ostensiva da Brigada Militar, ao longo de toda a via, não poderia coibir esses excessos?
Em situações assim, com aglomeração de centenas de pessoas, não se pode espalhar o efetivo. Tem que atuar em conjunto, é uma questão tática. Porque, quando for necessária uma ação, uma atitude, a tropa está concentrada.
Nossa preocupação é que as pessoas que vão à João Alfredo para se divertir possam, de fato, se divertir.
Tenente-coronel Eduardo Amorim
Comandante do 9º BPM
Quando a atual estratégia pode gerar resultados perceptíveis?
Nós analisamos diariamente o que está ocorrendo. Posso garantir que, com o tempo, os resultados virão. A quantidade de multas que os infratores têm recebido é grande, e nossa presença na região é frequente. As pessoas vão se conscientizando, vão entendendo que a Brigada está focada em combater esses desvios de conduta.
Onde o poder público errou para a situação chegar a esse ponto?
Não tenho como responder. Estou no comando do batalhão há oito meses, e meu foco é apontar soluções, não culpados. Nossa preocupação é que as pessoas que vão à João Alfredo para se divertir possam, de fato, se divertir. Não podemos generalizar, pensar que todo mundo que vai lá é baderneiro. Não. É uma minoria. E é nessa minoria que precisamos focar.