A madrugada deste domingo (8) foi tumultuada na Rua João Alfredo, uma das mais movimentadas do bairro Cidade Baixa, zona boêmia de Porto Alegre. Pulsante nos fins de semana devido à concentração de bares e casas noturnas, a via mais uma vez foi palco de confronto entre frequentadores da região e policiais. Conforme o comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Oto Eduardo Amorim, a corporação foi acionada para conter uma briga generalizada às 3h.
Dez brigadianos que apoiavam uma blitz da EPTC, perto dali, na mesma rua, se deslocaram até a confusão e depararam com grupos rivais arremessando garrafas de vidro entre si. Como calçadas e parte da rua costumam ser ocupadas pela multidão, o receio dos policiais, conforme o comandante, era de que alguém pudesse se ferir.
— Quando chegamos, esses grupos começaram a jogar tudo o que tinham nas mãos contra a Brigada Militar. Tivemos que reagir na mesma proporção — justifica.
Granadas de efeito moral e tiros de espingarda calibre 12 com munição antimotim foram utilizados pelo policiais militares para dispersar os grupos. Não houve registro de feridos. Uma pessoa foi detida e liberada após assinar um termo circunstanciado por desobediência e resistência à prisão. Para o comandante, não houve excesso.
Nas redes sociais, há divergência sobre a ação deste domingo da Brigada Militar. Enquanto alguns defendem os policiais, dizendo que a rua não é local para gritaria e bebedeira, outros afirmam que a polícia tem agido de forma truculenta. Uma mulher de 33 anos, por exemplo, disse ao GaúchaZH que viu a confusão, mas não a investida dos grupos contra a Brigada Militar, como afirma o oficial:
— O que eu vi foi uma pessoa jogando uma garrafa em cima de um carro e um cara tentando conversar com a polícia. Só. A gente caminhou ao lado da Brigada jogando bomba. Não vi nada sendo arremessado de volta.
Moradora da Rua João Alfredo, uma técnica em enfermagem acordou com a briga e, em seguida, ouviu os tiros disparados pelos policiais. Ela não viu o que aconteceu, mas reclama que de quinta-feira a domingo se tornou uma tortura dormir:
— Minha filha de dois anos acorda de madrugada e não dorme mais por causa do barulho. Às vezes, o som vai até as 7h .
Zilton Tadeu, presidente da Associação dos Moradores do bairro Cidade Baixa queixa-se do barulho que o faz revirar-se na cama madrugada após madrugada nos fins de semana. A solução, para ele, seria evitar as aglomerações para que a Brigada Militar não tenha de usar da força quando incidentes acontecerem.
— Olha, eu sou contra a truculência. Mas, do jeito que estava, não tinha outra forma de agir. A Brigada Militar parece não ter entendido ainda que é preciso usar a inteligência.
Em julho, outra confusão na João Alfredo causou atrito entre Brigada Militar, frequentadores e moradores da região. A versão da BM é a mesma em ambos os episódios: agressão a garrafadas e pedradas. Entre a população que presenciou o confronto, também houve discordância à época. Alguns confirmaram a versão da BM, outros disseram que a atitude dos policiais foi desproporcional e arbitrária.