O proprietário do bar mais odiado por moradores da Cidade Baixa está disposto a reduzir seu horário de funcionamento desde que possa "exercer o direito de trabalhar".
Lucas Gularte tem 20 anos e herdou do pai A Toca, estabelecimento de sete metros quadrados que vende cerveja para o lado de fora, sem espaço para consumo dentro do bar. O Ministério Público aponta o local como um dos responsáveis pela baderna na João Alfredo, já que os clientes bebem na rua e, embora o bar tenha um banheiro, muitos urinam pelas calçadas.
No dia 14 de julho, fiscais da prefeitura interditaram A Toca pela segunda vez neste ano. Lucas garante que, seis dias depois, já tinha toda a documentação regularizada, mas, desde lá, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico diz não ter previsão para analisar o processo por conta da exoneração do titular da pasta, Ricardo Gomes.
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– Eu fico a ver navios, porque investi tempo e dinheiro nisso. Não é fácil fazer plano de prevenção contra incêndio, conseguir alvará da secretaria e licença sanitária, e eu tenho tudo isso, mas me sinto sozinho na luta para poder trabalhar. Aceito fechar mais cedo, embora tenha permissão para funcionar até as 2h, mas esse bar é o sustento da minha família, da minha mãe, do meu irmão que é especial – desabafa Lucas.
Ele afirma ter um projeto para expandir A Toca, o que permitiria aos clientes beberem do lado de dentro, mas "não haverá recursos para isso com as portas fechadas". O governo Marchezan já estuda um decreto para vetar todos os bares sem espaço próprio para consumo. A Toca, assim, estaria liquidada.
– Comecei uma campanha para o nosso público cuidar do bairro, jogar lixo no lixo, não urinar na rua. Também mandei e-mail para a associação de moradores, porque estou tentando dialogar com eles – afirma Lucas.