Disposto a acabar com o que considera "gratuidades demais" no transporte público, o prefeito Nelson Marchezan estuda duas hipóteses.
A primeira, mais remota, mas ainda não descartada, seria abolir a segunda passagem gratuita para quem usa dois ônibus em um intervalo de meia hora. Só que Marchezan tem admitido a assessores próximos temer o "custo político" da medida. Embora classifique a segunda passagem grátis como um equívoco de seu antecessor, José Fortunati – porque, para bancar a gratuidade, o preço da tarifa acaba subindo para todos –, o prefeito avalia que sua imagem poderia ficar abalada demais com o fim da isenção.
Quer dizer: tecnicamente, ele tem certeza do que quer. Politicamente, está acuado. Resta-lhe um plano B, no qual o ônus político seria dividido com a Câmara de Vereadores. Marchezan estuda enviar ao parlamento um pacote de projetos revendo benefícios a idosos e estudantes, além de uma proposta que acabaria com a obrigatoriedade de todos os ônibus circularem com um cobrador.
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Se o pacote for enviado, não haverá tempo para a Câmara votar os projetos antes de a passagem ser reajustada – o que deve ocorrer até o dia 15. Mas a ideia do prefeito é firmar um acordo com as empresas: se a redução dos benefícios for aprovada pelos vereadores, os empresários se comprometem a baixar o valor da passagem.
Marchezan questiona a tarifa mais barata para estudantes e idosos que não sejam de baixa renda. Quanto aos cobradores, não defende demissões, e sim que as empresas fiquem desobrigadas de repor novos profissionais sempre que um trabalhador se aposentar.