Na verdade, é exatamente o que está ocorrendo. Imaginem vocês o que ocorre com o comércio de um lugar onde a moeda que representa 48% do efetivo em espécie foi retirada de circulação. Sim, isso está ocorrendo neste momento, na Venezuela, com a nota de 100 bolívares.
E o deputado oposicionista Luis Silva não perdeu tempo: denunciou o presidente Nicolás Maduro pela, segundo ele, "devastação" nos comércios no sul do país e a "ruína" gerada nessa região.
Evidentemente, deve-se fazer uma observação: ruim para o comércio, infinitamente pior para o cidadão comum, que simplesmente, de um dia para o outro, viu seu dinheiro virar pó.
Silva é deputado por Bolívar, Estado mais afetado pelos distúrbios causados quando se esgotou o tempo imposto pelo governo para que os cidadãos se desfizessem da nota de 100 (US$ 0,15).
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Maduro teria violado um artigo da Constituição e dois do Código Penal.
O deputado sustenta que Maduro "ditou medidas em matéria monetária que o artigo 318 da Constituição reserva em caráter de monopólio ao Banco Central da Venezuela (BCV)" e que, ao ordenar a saída de circulação da nota de 100 bolívares, violou o artigo 293 do Código Penal.
E é este artigo o mais duro. Prevê que "executou ato cujo objeto era expor alguma parte da República à devastação ou ao saque será castigado com prisão de 18 meses a 5 anos".
Bah!
Silva diz que em Ciudad Bolívar só restam 12 lojas abertas que vendem alimentos.
Por isso, ele e por isso pede que se decrete a emergência humanitária no Estado.
Já ocorreram três mortes durante os protestos em Bolívar.
O fato é que muita gente ficou sem economias.
E, evidentemente, o comércio não aceita as notas na iminência de entrar em desuso.
Resta-lhes ir para filas em bancos com pilhas e pilhas de notas com pouco valor.
Um drama natalino que ninguém merece.
Maduro está longe de ser um Papai Noel.