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Soberana da imagem

Peças do guarda-roupa da rainha Elizabeth II estão em exibição em três mostras reunindo 150 peças distribuídas em três de suas residências oficiais

Fernanda Zaffari

Mostra apresenta 150 peças de vestuário usados ao longo dos anos de reinado de Elizabeth II

Entre tantos festejos que marcam as comemorações dos 90 anos da rainha Elizabeth II, a exibição de peças significativas de seu guarda-roupa é um dos pontos altos. Foram organizadas três mostras reunindo 150 peças distribuídas em três de suas residências oficiais: nos palácios em Edimburgo, em Windsor e em Londres.

A primeira conclusão a que se chega ao analisar 90 anos de estilo – O guarda-roupa da rainha é que ela não segue modismos, faz a moda lhe servir. Elizabeth II tem plena noção de que é uma mulher em um cargo representativo e, no caso dela, não há pudor em afirmar: imagem é tudo. Ter uma grande preocupação com roupas é, sim, fundamental. A rainha já declarou que "precisa ser vista para que as pessoas acreditem nela". Justifica assim a escolha de cores fortes e até, para muitos, extravagantes, como o verde-limão que usou no recente desfile público na comemoração dos seus 90 anos. Fugindo das cores sóbrias e apostando nos coloridos vivos, ela pode ser identificada pelos seus súditos onde quer que esteja. Outras roupas apresentadas nas mostras, principalmente as do início do reinado, comprovam escolhas mais leves e até sensuais, adequadas para uma jovem que assumiu o posto no auge dos seus 25 anos.

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A curadora, Caroline de Guitaut, explica a complexidade de uma simples troca de roupa palaciana:

– Suas roupas têm de cumprir tantos papéis diferentes, como chefe de Estado, chefe das forças armadas, chefe da Comunidade das Nações. Elas podem ajudar a diplomacia, podem dar uma sensação de imponência e ocasião, também expressam a sua personalidade. Você pode dizer muito sobre ela por meio das roupas. Seus chapéus eram bastante ousados nas décadas de 1960 e 1970. Eram quase avant-garde, miniobras de arte, o que sugere alguém com muita autoconfiança.

Exposição tem área dedicada à coleção de chapéus da rainha

Elizabeth II sempre privilegiou designers britânicos. São de Sir Norman Hartnell os dois vestidos mais importantes do seu reinado: o de casamento e o da coroação, pela primeira vez exibidos juntos. O do casamento (1947) tem um véu/cauda de mais de quatro metros inspirado na Primavera de Botticelli, para simbolizar o renascimento da Inglaterra depois da II Guerra Mundial. Naquele ano, o país ainda vivia o racionamento de suprimentos e a população doou cupons de comida nos portões do palácio para que Elizabeth pudesse pagar pelo vestido.

O vestido de casamento da jovem Elizabeth

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Bom lembrar que esta exposição mostra outro lado da rainha, que durante a II Guerra, ainda princesa, permaneceu em Londres mesmo com a cidade sendo bombardeada. Ela atuou como motorista e mecânica de ambulância do exército. Um dos uniformes usados por ela faz parte do acervo.

Vestido escolhido para a coroação, de autoria de Sir Norman Hartnell

O vestido escolhido para a coroação foi supervisionado por Elizabeth com esmero. Ela queria um emblema de cada país da Comunidade das Nações nos bordados. Sir Hartnell atendeu ao pedido e também fez uma surpresa: bordou, do lado esquerdo, um trevo de quatro folhas. Assim, daria sorte quando ela repousasse a mão durante a cerimônia.

Tirando alguns vestidos de gala de recepções oficiais, as roupas da rainha são corretas e, no conjunto, imponentes, mas com poucas exceções luxuosas. Roupas para esquecer, definitivamente são os looks e os pesados óculos dos anos 1980 – mas as escolhas dessa década talvez não sobrevivessem nos nossos próprios guarda-roupas.

O uniforme usado pela rainha quando serviu na II Guerra

Quem tem viagem marcada para o Reino Unido, não pense em visitar uma exposição de moda. Um passeio pelo guarda-roupa de Elizabeth II pode ser visto também como a revisão de um século. Afinal, são 90 anos de história de uma mulher que correu o mundo. Das três mostras inauguradas, apenas a do Palácio de Windsor permanece aberta ao público até 8 de janeiro de 2017.


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