Não bastassem a tensão de um resultado incerto, e o inglês não gosta nada nada de lidar com o imprevisto, o dia de votação do tão comentado referendo pelo "fica" ou pelo "sai" da Comunidade Europeia teve a complicação do capricho do tempo.
Londres já sofreu bombardeios em guerras, mas acredite, a cidade lida muito mal com chuva forte. E choveu forte nesta quinta-feira, alagando ruas, estradas e, principalmente, estações de trem.
Locais fechados pararam linhas de metrô e fizeram da cidade um caos. Foi assim o dia de votação. Seções eleitorais também sofreram alagamentos e foram interditadas.
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O espectro do nacionalismo
Mas na noite anterior à votação, o último debate na televisão foi agressivo. A campanha ficou mais feia do que todos esperavam. Se o bate boca já beirava a ofensa com os comentários preconceituosos em relação aos imigrantes, o assunto que entrou em cena no dia final foram os ódios de legados das Guerras Mundiais. E aí, o vespeiro é feio por aqui, com os debatedores sendo netos de ex-combatentes e vítimas.
Quando David Cameron anunciou a realização de um referendo como manobra para garantir votos para sua reeleição, ele nunca imaginou que a disputa seria tão acirrada. E muito menos que o seu amigão Boris Johnson, então prefeito de Londres e seu ex-parceiro de Eton (escola da elite inglesa), seria o responsável por dividir o seu partido e liderar a oposição. Sobre Boris, Cameron, como bom inglês, elegantemente declarou:
– Continuamos amigos, apenas não tão próximos.
Resta saber se a frase continuará a mesma depois de divulgado o resultado.
Bandeira pela saída
A última cartada da campanha do "sair" foi a frase de efeito de Boris Johnson dizendo que o Brexit seria o "Dia da Independência" da Grã-Bretanha – batendo na tecla de recuperar a soberania. Nos condados de maior poder aquisitivo próximos de Londres, como Buchinghamshire, bandeiras com o slogan "Independence Day" foram espalhadas pelas estradas.
Boa notícia
Somente por andar pelas ruas, tudo indicava que o referendo teve um ponto a se comemorar: a maior participação dos eleitores. É raríssimo ver filas nas zonas eleitorais. Nesta quinta-feira foi comum.