Autoridades argentinas estão em polvorosa: uma decisão da ONU tende a fortalecer seus argumentos para ter soberania sobre as Ilhas Malvinas.
Daniel Filmus, parlamentar do Mercosul e ex-secretário de Assuntos Relativos às Ilhas Malvinas, pergunta:
- Frente a esse novo reconhecimento da ONU, a Grã-Bretanha não aceitará dialogar sobre a soberania das Malvinas?
E do que se trata o tal reconhecimento?
A ONU ampliou em 35% os limites da plataforma continental argentina e, com isso, pôs as Malvinas dentro desse território.
A Comissão de Limites da Plataforma Continental ( CLCS ), um grupo de especialistas internacionais que operam nas Nações Unidas, aprovou, com isso, a existência de uma disputa de soberania entre a Argentina e a Grã-Bretanha na área das Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul.
Diz o ex-chanceler argentino Jorge Taiana:
- É um reconhecimento soberanos importantíssimo. De acordo com a convenção da ONU, as Malvinas estão dentro do território reconhecido e pertencem à Argentina, o que é uma prova fundamental, adicional e reconhecida pela ONU.
O pedido foi feito em abril de 2009, ainda sob governo kirchnerista.
O certo é que, a partir desse reconhecimento, a Argentina tem direito soberano sobre o fundo do mar, a exploração hidocarbonífera e os animas da região.
O governo de Mauricio Macri se disse disposto a reabrir o diálogo com a Grã-Bretanha para um acordo que poderia contemplar a administração compartilhada do arquipélago, possivelmente em uma transição.
- É uma ocasião histórica para a Argentina. Demos um grande passo na demarcação dos limites exteriores da nossa plataforma continental - comentou a atual chanceler,
- O resultado é o triunfo da determinação sobre a adversidade e mostra que, com perseverança, com objetivos claros e trabalhando juntos, podemos alcançar as metas mais impensáveis
- acrescentou o vice-chanceler Carlos Foradori.
Sempre é bom lembrar: a região foi palco de um conflito armado entre a Argentina e a Grã-Bretanha entre 2 de abril e 14 de junho de 1982. O objeto da disptua era a soberania sobre os arquipélagos austrais dominados desde 1833 pelos britânicos. A Argentina reclamou as ilhas como parte integral e indivisível de seu território, alegando que foram ocupadas ilegalmente por uma potência invasora e as incluindo como parte da província da Terra do Fogo. O saldo da guerra foi a vitória britânica e a morte de 649 soldados argentinos, 255 britânicos e 3 civis das ilhas. Na Argentina, a derrota no conflito fortaleceu a queda da ditadura militar que governava o país desde março de 1976.