Agora vai ficar ruim para os espertalhões do trânsito, que trafegam acima da velocidade permitida, usam celular ao volante e cometem grandes e pequenas infrações convictos de que não serão flagrados pelas autoridades. Vêm aí os radares inteligentes, equipados com sensores e inteligência artificial, que não apenas medem a velocidade dos carros como também observam o comportamento do motorista. Espiam quantas pessoas estão dentro dos veículos, se todas usam cinto de segurança e se o condutor não está fazendo outra coisa além de dirigir. É um verdadeiro Grande Irmão do trânsito, como a teletela de George Orwell no romance 1984.
E não é coisa para um futuro distante. Esse tipo de equipamento já está em operação em algumas cidades brasileiras, como Salvador e Curitiba. Segundo a empresa responsável pela instalação dos novos radares nas estradas e vias urbanas do país, as câmeras de alta definição permitem observar detalhadamente o comportamento do motorista. Até mesmo aquela habitual malandragem de tirar o pé do acelerador nas proximidades dos pontos de controle poderá ser flagrada, pois o equipamento está capacitado a calcular a velocidade média de um veículo entre um radar e outro.
Estava mesmo na hora de a tecnologia virar para o lado dos pedestres e dos motoristas que seguem as regras. Até agora, ela só vinha favorecendo os infratores, com aplicativos que identificam previamente a localização de radares e possibilitam avisar outros motoristas sobre a presença de policiamento móvel nas estradas. Isso sem contar os próprios celulares, que servem de distração permanente para os condutores, inclusive para aqueles mais ousados (e mais irresponsáveis) que digitam enquanto dirigem.
Pois que venha o Grande Irmão do trânsito e que seja eficiente como seus idealizadores apregoam, para nos proteger dos facínoras do volante que também são especialistas em driblar os sistemas de fiscalização. Tanto que a melhor barreira para o excesso de velocidade continua sendo a lombada física, com altura suficiente para avariar o veículo. Só que os equipamentos inteligentes precisam ser complementados por uma ação humana que ainda deixa a desejar: punição compatível com a gravidade das infrações.