Mesmo com todas as deformações que todos conhecemos, o futebol é inegavelmente uma das maiores e mais significativas manifestações culturais da humanidade. Além de reunir multidões apaixonadas e proporcionar confrontos civilizados entre nações – contraponto pacífico aos conflitos bélicos que infelizmente persistem em algumas áreas do planeta –, o mais popular dos esportes ainda produz histórias verdadeiramente comoventes.
É o caso do recente conto de fadas protagonizado pelo argentino Lionel Messi e pelo espanhol Lamine Yamal – campeões continentais recentes por suas respectivas seleções.
Dezessete anos atrás, nenhum dos dois era o que são hoje. Messi, com 19 anos, era um jogador iniciante no time do Barcelona, um dos grandes clubes da Espanha e do mundo. Yamal era um bebê, filho de um casal de imigrantes, a mãe de Guiné Equatorial e o pai nascido no Marrocos. Por uma dessas manobras do destino, o argentino pegou o bebê no colo para uma sessão de fotos promocionais de um calendário produzido pela Unicef com os jogadores do clube catalão interagindo com crianças.
Desde então, o mundo e a bola deram muitas voltas. Hoje Messi é o maior nome do futebol mundial e Yamal acaba de conquistar seu primeiro título europeu com a camisa da seleção de seu país. Aos 17 anos, completados no último sábado, é titular do Barcelona e a maior promessa do futebol espanhol.
A foto do histórico encontro, recentemente divulgada pela família do adolescente, comoveu o mundo do futebol e surpreendeu até mesmo o fotógrafo responsável pelo ensaio. Segundo recente reportagem, o pai do menino preferiu manter a imagem escondida até que o jovem craque consolidasse sua carreira, para evitar possíveis comparações com o “padrinho” famoso.
Seja como for, a incrível coincidência que gerou esse verdadeiro conto de fadas do futebol também contribui de alguma forma para atenuar o sentimento de rejeição aos imigrantes por parcela expressiva da população dos países mais ricos. Lionel Andrés Messi Cuccittini, argentino de Rosário, e Lamine Yamal Nasraoui Ebana, espanhol de Barcelona, comprovam com sua arte que um mundo sem fronteiras é melhor, mais humano e mais divertido.