Vai aí minha primeira dica para a Feira do Livro de Porto Alegre, que começa no próximo dia 29. Por favor, anotem. O livro é bom, o autor merece e certamente mandará uma bênção em forma de trocadilho para quem adquirir sua obra. Chama-se À Crase, os Meus Respeitos, escrito pelo jornalista Plínio Nunes, falecido em 26 de janeiro último, aos 66 anos.
Editado pela Farol3 Editores, com o apoio publicitário da prefeitura de Gravataí e a supervisão da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), o livro cumpre a dupla finalidade de homenagear postumamente seu autor e proporcionar alguma renda à sua família, esposa e quatro filhos, entre os quais o mais do que especial Amigomeu, personagem frequente no seu blog Vida Curiosa.
Plínio foi um querido amigo das redações das nossas vidas (Folha da Tarde, Correio do Povo, Zero Hora e Diário Gaúcho) e também um profissional competente e consciente do seu papel social como jornalista. Além de ter exercido com talento e integridade as funções de repórter, editor e revisor, ele também foi responsável por um espaço dedicado a localizar pessoas desaparecidas. Muitos desgarrados do destino foram encontrados por seus familiares graças às notas e fotografias que Plínio publicava e republicava com obstinada dedicação. Generoso, ele também gostava de vestir a fantasia de Papai Noel para, anonimamente, distribuir às comunidades pobres os presentes de Natal arrecadados pelo jornal.
Mas não é apenas por amizade que estou recomendando o livro do saudoso colega. É, muito mais, por sua qualidade e utilidade, especialmente para quem lida com a escrita. Trata-se de um excelente manual sobre o uso da crase, redigido na linguagem simples e objetiva dos bons jornalistas, com exemplos bem-humorados e exercícios práticos. De lambuja, contém ainda orientações valiosas sobre o emprego da vírgula, do hífen e dos porquês.
A crase — como sentenciou o poeta Ferreira Gullar— não foi feita para humilhar ninguém. O livro de Plínio, que estará à venda na banca da ARI, foi feito para torná-la ainda mais acessível a todos nós. Viciado em trocadilhos, aposto que ele adoraria este que li recentemente na internet e que mostra bem o quanto o tema de seu livro é desafiador: “Às vezes tem crase, mas não todas as vezes”.