O jornalista Plínio Nunes morreu na terça-feira (26), aos 66 anos. Ele lutava contra um câncer no intestino e estava internado na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre havia uma semana, devido a uma infecção urinária, e acabou sofrendo um acidente vascular cerebral na terça-feira.
Ele iniciou sua carreira no Grupo Caldas Junior de Comunicação e, atualmente, havia retornado ao Correio do Povo, onde era revisor do jornal. Entre 1984 e 2012, foi funcionário do Grupo RBS, onde trabalhou como redator na Rádio Gaúcha e como repórter de polícia em Zero Hora.
Em ZH, ocupou também a função de subeditor dos assuntos policiais até 2000, quando participou da equipe que ajudou a implantar o Diário Gaúcho. Então, assumiu a edição das reportagens de polícia da publicação até sua saída da empresa, em 2012.
Em seu trabalho, dava atenção especial à situação de famílias em busca de parentes perdidos. Ajudava a todos que iam até a redação com um Boletim de Ocorrência de desaparecimento e, diariamente, publicava pelo menos uma foto e um texto sobre alguém que havia sumido, descrevendo características físicas, último local e hora em que a pessoa havia sido vista e um telefone. Além da divulgação dos casos, mantinha contato com os familiares, preocupado com o desfecho das histórias. Sempre que alguém era encontrado, ficava muito feliz.
Passou a ser referência até para a polícia e para hospitais de Porto Alegre e da Região Metropolitana, para ajudar a localizar os familiares daqueles encontrados desacordados e sem documentos.
Na redação, Plínio era tratado como unanimidade, todos gostavam dele. Era um profissional que tinha muita paciência em orientar os mais jovens e que gozava do respeito dos mais velhos. Sempre mantinha a ponderação e a tranquilidade. Cheio de trocadilhos, tinha como uma de suas principais características a gentileza. Melhorava o astral do ambiente.
— Ele era tão gente boa que uma das situações mais difíceis para ele era quando tinha que ser mais duro com alguém. A única coisa que o deixava brabo de verdade era quando eventualmente não teria espaço no jornal para a coluna dos desaparecidos. Quando acontecia, ele sempre argumentava e acabava conseguindo publicar sobre os casos — conta o jornalista Alexandre Bach, ex-colega de Plínio.
Natural de Bagé, Plínio foi um torcedor importante do Guarany, clube que lamentou a morte do jornalista por meio do Facebook. “O Guarany Futebol Clube lamenta profundamente o falecimento do jornalista Plínio Nunes, que atualmente era revisor do Correio do Povo, mas também trabalhou na Zero Hora e Diário Gaúcho, além de emissoras de rádio. Plínio era alvirrubro fanático e sempre falava do Guarany por onde passava." Também lamentaram a morte a Associação Riograndense de Imprensa (ARI) e o Sindicato dos Jornalistas do RS (Sindijors).
Plínio fez ainda alguns trabalhos como escritor. Entre eles, assina como coautor o livro Anedotário do Rádio Gaúcho – 90 Anos de História. Por um período, esteve à frente do Microfone, um jornal especializado em falar sobre o rádio, seus comunicadores e programação. O jornalista ainda mantinha o blog Vida Curiosa, no qual escrevia sobre temas do cotidiano, seus trocadilhos, piadas, palíndromos, poesias, fotos e curiosidades. Plínio deixa esposa, quatro filhos e cinco netos.