Um minuto pode ser nada, mas pode também ser a eternidade, como sugere uma conhecida (e sempre divertida) anedota sobre o diálogo do brasileiro espertinho no seu encontro com o Criador:
— Senhor Deus, o que são para vós mil anos?
— Um minuto.
— E 100 mil reais?
— Um centavo.
— Senhor, me dá um centavo?
— Pois não, espera só um minuto.
Na verdade, são incontáveis as coisas possíveis (e agradáveis) de se fazer em um minuto, incluindo-se aí, provavelmente, o relato de anedotas melhores do que essa. As mensagens de autoajuda que proliferam na internet não me deixam mentir: respirar fundo, alongar-se, dar um abraço (seguindo os protocolos da pandemia, evidentemente), comer um doce gostoso, ler uma poesia, cantar no chuveiro, contar uma historinha para o filho dormir, contemplar o pôr do sol, tomar um cafezinho e por aí vai.
Na era da ansiedade e da comunicação instantânea, um minuto pode parecer mesmo um tempão enorme, principalmente quando a imagem trava ou o conteúdo clicado não baixa imediatamente. Mas fica maior ainda quando a gente espera por alguém ou por um gesto de afeto que não chegam.
Existe até um livro escrito por dois norte-americanos, intitulado Cada Minuto na Terra, que registra ações curiosas ocorridas em apenas 60 segundos. Nesse tempo, por exemplo, 21 mil pizzas são assadas no mundo e 56.724 litros de ar são inalados por uma baleia-azul. Pelo que se vê, tem gente com minutos de sobra para gastar com cultura inútil.
Pois eu também decidi roubar alguns preciosos minutos dos meus leitores e leitoras com essa lenga-lenga introdutória para devolver-lhes algo realmente precioso, que leva em torno de um minuto: um curta-metragem. Não deixem de ver O Encontro das Quintas-Feiras, do jovem cineasta iraniano Sayed Moahammed Reza Kharadman. Está disponível na internet (gzh.rs/Sayed) e ninguém precisa saber iraniano ou o inglês das legendas para entender a comovente mensagem.
Confesso que, ao final, tive que respirar fundo durante um minuto.