Não sei se a tia Lena, tia de um amigo querido, já passou dessa para melhor ou simplesmente resolveu se desfazer de sua biblioteca, como vêm fazendo outras pessoas nestes tempos de poucas leituras. O fato é que encontrei outro dia, no Mensageiro da Caridade, um livro autografado para ela. O autor, cujo nome prefiro não declinar nesta crônica, escreveu carinhosamente na página de rosto: “Tia Lena, um beijão pra senhora. E tudo de bom”. Pois a publicação, que deveria ter-se tornado pessoal e intransferível depois de autografada, foi parar numa pilha de livros descartados, entre panelas e móveis usados. Melancólico destino para o pequeno texto manuscrito com tanto afeto pelo escritor. Comprei-o, mais por constrangimento alheio do que propriamente por interesse no seu conteúdo.
Autógrafos
Escritores ainda não se livraram da tarefa de pensar em alguma mensagem original para o comprador de seu livro
Autógrafos de artistas e jogadores de futebol têm sido substituídos por selfies, mas ainda precisam lembrar o nome do sujeito que o cumprimenta