Diante da França, o Marrocos fez, de longe, sua melhor atuação na Copa. Já tinha acontecido com a Inglaterra, eliminada na fase anterior, jogando melhor do que a atual campeã boa parte do tempo. Se marroquinos e ingleses ficaram pelo caminho para o mesmo adversário, significa que nem um e nem outro foi melhor o suficiente.
Quando a França retoma a bola no meio e abre o leque para atacar, dá para perceber a iminência do gol. Aconteceu no primeiro ataque francês, que foi convertido. Depois, Giroud teve ainda duas chances douradas nascidas de roubadas de bola e arrancadas do seu meio-campista mais completo, Tchouaméni. Marrocos obrigou Lloris a duas grandes defesas, avançou sobre o campo francês. Insuficiente para evitar a ida francesa à decisão de novo.
A ausência de Rabiot tirou fluidez do meio-campo francês, Tchouaméni compensou a golpes de fôlego e talento. A movimentação sincronizada de Griezmann e Dembelê é macia, nem Marrocos conseguiu evitar. Mbappé, ele sim, sofreu com dobra de marcação e ainda assim passou por quem o marcava quando um contra um. A França está no auge de sua competitividade, mas ela não é truculenta. Marca fortíssimo, não rifa a bola na retomada.
Toda bola tem endereço. Griezmann flutua não só para construir: é um ladrão de bola, um batedor de carteira de tão ágil na tarefa defensiva. Marrocos não foi goleado, só vencido. Não jogou tanto nem quando ganhou de Portugal. Diante desta França, porém, a superioridade precisa ser indiscutível é transformada imediatamente em gol. Caso contrário, a sanfona francesa se abre ao arrancar para o ataque e tudo fica menor do que isso.
Didier Deschamps comanda um time que erra pouco. Parece estar sempre no controle, mesmo quando a bola não lhe pertence. Quem entra no decorrer da partida se sente titular. O time reage bem às trocas. É um grupo pronto para confirmar o título que já lhe pertence. Vai favorita para enfrentar a Argentina em Lusail. Favoritismo que pode ruir com uma jogada de Messi. Ou se confirmar num lance de Mbapeé. A Marrocos, um demorado aplauso de pé. O 2 a 0 que levou na semi restou digno. Foi o seu teto. Com pé direito bem alto.