Gravei Botequim do Maurício deste sábado com Paulo Paixão, pentacampeão do mundo em 2002, ano da minha primeira cobertura de Copa do Mundo. Multicampeão em azul e vermelho, continua morando em Porto Alegre, tem convite do CSKA para ver a fase final da Copa na Rússia, ainda não sabe se vai. Tenho ótima relação com este carioca salgueirense que adotou o Rio Grande como sua casa.
Ao me abraçar, lembrou da vez em que colocou a rodar no ônibus da Seleção durante a Copa um cd que dei a ele com as três horas de um programa de samba que eu apresentava na Rádio Cidade. Era o programa que foi ao ar, portanto, cheio de citações comerciais. Paulo Paixão foi zoado por Ronaldinho Gaúcho e turma por causa disso. Aí, Paixão, quanto você levou nesta parada?, era a pergunta que passou a ouvir nas brincadeiras dos jogadores.
O preparador físico do penta concordou comigo quando fiz a última pergunta do quadro: Professor, o futebol é o resumo da vida? Ao perguntar, pensei no penta de 2002, euforia suprema, e no 7 a 1 de 2014, duas vivências de extremos que Paulo Paixão teve. Sem contar o drama pessoal da perda de dois filhos, que ele enfrenta com a dureza da rocha e ainda lembra de ser grato a Deus pela benção do viver.
— O futebol é o resumo da vida, sim. A gente vive alegrias e tristezas e precisa seguir. Foi a mais incrível satisfação ser campeão do outro lado do mundo, foi doído demais perder como perdemos para a Alemanha. Até hoje, tenho para mim que seria diferente se tivéssemos Neymar em campo. Os alemães não se jogariam para dentro do nosso campo como fizeram, teriam medo do contra-ataque que Neymar puxaria com toda aquela habilidade. Sou grato a Deus por tudo o que vivi.
Esta Copa será ganha por quem correr mais?
— Não, não adianta só correr, qualquer seleção africana seria campeã se bastasse correr. É preciso equilibrar todas as valências. Tática, técnica, preparo emocional e físico, tudo precisa estar conectado e equlibrado. A Espanha, por exemplo, é uma incógnita nesta Copa. Olha o Iniesta, que vai estar com quase 34 anos, como será que vai chegar na Copa? Em 2002, conseguimos este equilíbrio e fomos campeões.
Uma história de bastidores do Penta ?!
— Na última preleção antes da final contra a Alemanha, Felipão falava dos perigos que a seleção alemã nos traria, os pontos fortes dos caras, com o que devíamos nos preocupar...aí, Cafu levantou a mão interrompeu a palestra e disse: Professor, você sabe que lá do outro lado eles também estão preocupados com a gente. né? Comigo, com o Roberto Carlos, o Rivaldo, o Ronaldinho, o Ronaldo... Luiz Felipe deu por encerrada a preleção e depois me disse, ainda antes do jogo: eles estão prontos, é só jogar!
Sua expectativa para a Seleção na Rússia?
— Tite fez um ótimo trabalho no campo tático, estou com esperanças, especialmente em Neymar, que eu acredito que vai voltar voando da lesão que teve no PSG. Agora, tenho uma preocupação: não foi só a Seleção Brasileira que cresceu. Todas as outras candidatas fortes também. Pensa na Espanha, que já falei, mas na Argentina com Messi e na Alemanha, que ganhou a Copa das Confederações com time alternativo. Ainda tem a Bélgica, que pode surpreender. Então, acho que podemos ser campeões, mas respeito todas as outras candidatas de sempre e alguma emergente que apareça de repente.