A diferença entre Everton, atacante do Grêmio e Diego, meia do Flamengo é um universo. Na relação do custo com o benefício, Everton deixa Diego comendo poeira e ajuda a explicar por que o Grêmio é muito mais candidato ao título da Libertadores do que o Flamengo. O clube carioca, arrumado nas contas e nadando em dinheiro, contratou medalhões que não saíram do papel. Diego resta como o mais caro deles se comparado o que recebe de salário e o que entrega em campo. O Grêmio também arrumou suas finanças na grande gestão que faz Romildo Bolzan Júnior.
A diferença é que não nada em dinheiro. Até a venda de Arthur, trabalhava com a escassez e tentava otimizar cada centavo que entrava da cota de TV, do quadro social e da venda de camisetas. Se Bolaños e Arroyo deram errado, a quantidade de jogadores que deram certo dilui o fracasso dos dois equatorianos. O Flamengo, por sua vez, contratou a peso de diamante jogadores que muito já fizeram na carreira e hoje pouquíssimo fazem. Jogadores como o já citado Diego e Éverton Ribeiro, embora qualificados pelo currículo, dão quase nada. O suor é protocolar, a corrida é burocrática, o resultado final, pífio.
O Grêmio de Everton, Luan e Arthur tem a liderança de Maicon e de Geromel, a empolgação de Kannemann, a abnegação de Jael e a maturidade de Marcelo Grohe. Nada é de papel na realidade gremista já há quase três anos. Renato Portaluppi tem importância central nesta realidade, é verdade, mas há toda uma estrutura em torno dele a lhe garantir paz no trabalho. O Flamengo, clube das cifras mais estonteantes do futebol brasileiro, não consegue dar nada disso aos seus profissionais. Inseguros, sem referência e sob intensa pressão, o que resta de resultado parece um acinte ao torcedor. Agora mesmo, 45 mil flamenguistas foram ao treino no Maracanã antes do jogo contra o Santa Fé, já que os portões estariam fechados na hora da partida ainda como punição pelas confusões da final da Sul-Americana em 2017. No que esta presença tão marcante impactou os jogadores do Flamengo? Em rigorosamente nada.
O Grêmio, no momento que vive, dispensa factoides. Simplesmente pratica um conceito moderno de jogo e encanta. Quando não consegue vencer, como na última terça-feira contra o Cerro Portenho no Paraguai, traz o resultado que lhe dá fôlego para retomar o alto padrão de regularidade da temporada. Everton vai renovar contrato por melhor salário, seus direitos federativos vão encarecer, o Grêmio se protege. O Flamengo nem treinador tem. E Diego, no seu trote, vai representando este Flamengo desalmado que nem se compara ao Grêmio.