O Brasil não deve adotar o horário de verão na temporada 2024/2025, segundo fontes do governo envolvidas com o tema. O calendário ficou apertado. Para ter o efeito desejado, a mudança precisaria ter sido anunciada mais cedo e já estar em vigor neste mês de outubro. A decisão final ainda não foi tomada, e depende de uma reunião prevista para terça-feira (15), entre o presidente Lula e ministros.
Diante da escassez hídrica, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, passou a discutir com técnicos os efeitos da retomada do horário diferenciado. O Operador Nacional do Sistema (ONS) estimou que a redução do consumo no horário de pico poderia gerar uma economia de R$ 400 milhões e até 2,9% de redução da demanda máxima de energia elétrica.
O cenário da projeção considerava a adoção já em outubro, em razão do prolongamento da estiagem em várias regiões do país. Além da conclusão técnica, contudo, a medida exige uma decisão política.
Além de dividir opiniões na sociedade, a volta do horário de verão exige mudanças significativas para o setor produtivo. As companhias aéreas, por exemplo, informaram que seria necessário um prazo de 180 dias para adaptação das grades de voos e escalas de trabalho.
O ministro de Minas e Energia acredita que seria possível a adaptação em um prazo de 20 dias, mas tem ressaltado que o expediente levará em conta o “risco energético”, ou seja, o estágio dos reservatórios de água.
O tema divide opiniões dentro do próprio governo. Outros ministros já disseram a Lula que tomar a decisão com um calendário apertado pode gerar mais confusão do que efeitos positivos para a economia.
O horário de verão deixou de ser adotado em 2019, no governo de Jair Bolsonaro. À época, o então presidente argumentou que a medida não gerava a economia necessária e tinha efeitos negativos ao “mexer no relógio biológico das pessoas”.