A relação com o Congresso gera dor de cabeça ao presidente Lula desde o início do terceiro mandato, mas alcançou agora um nível inédito. Além das declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira, de que irá priorizar as pautas da oposição, até mesmo parlamentares de partidos da base passaram a atuar em projetos que contrariam interesses do governo.
A dificuldade de articulação pode travar o avanço de projetos necessários para aumentar receitas e viabilizar programas do governo.
Lira já antecipou a lideranças que, nos próximos dias, poderá autorizar a abertura de cinco comissões parlamentares de inquérito (CPIs), dar preferência a pautas de costumes e de interesse da bancada da agropecuária.
Garantiu que não prejudicará o andamento da reforma tributária. Mas, enquanto o Ministério da Fazenda demora para enviar os projetos de regulamentação, um grupo formado por 24 frentes parlamentares apresentou nesta quarta-feira (17) projetos paralelos de regulamentação.
Na prática, os textos contam com amplo apoio entre os parlamentares e servirão como forma de pressionar o governo a adotar critérios que estejam de acordo com interesses desses grupos. Disposto a enfrentar o Planalto, Lira tem nas mãos mais uma forma de agradar aos pares e retirar os holofotes do governo sobre o tema.
Enquanto Lula e o ministro Fernando Haddad cumprem agendas no Exterior, a maioria dos parlamentares caminha a passos largos na contramão de interesses do governo. Ao retornar a Brasília, o presidente terá muito trabalho para colocar a relação com Lira e outras lideranças nos eixos.