Representantes da construção civil, um dos setores mais afetados pela Medida Provisória (MP) da reoneração da folha de pagamento, levarão ao governo as incertezas que o tema provocou entre as empresas na abertura de um ano de grande expectativa de retomada. Os planos para 2024 se basearam em um cenário de prorrogação do programa de redução de contribuição previdenciária nos mesmos moldes dos últimos anos.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade nesta segunda-feira (1º), o vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Eduardo Aroeira, disse que foi "muito infeliz" a forma como o governo tratou o tema, ignorando a decisão majoritária do Congresso. Representantes dos 17 setores atingidos devem procurar o governo nos próximos dias.
— Foi uma ação inesperada, que gera preocupação pela insegurança jurídica. A partir do momento em que você onera a folha de pagamento, naturalmente menos empregos serão gerados — argumentou.
A proposta do governo, que tem prazo de 90 dias para implementação, prevê novas regras, que beneficiariam especialmente os contratos com salários mais baixos. A medida não foi discutida com as áreas envolvidas, argumentou Aroeira.
O ano é considerado promissor para a construção por uma série de fatores. A partir de março, o setor espera uma queda nos juros de financiamento, após sucessivos cortes da Selic. Também há expectativa de novas contratações a partir de obras do PAC e de mais investimentos no Minha Casa Minha Vida.