Após o presidente Lula definir seus escolhidos para a vaga do Supremo Tribunal Federal (STF) e o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR), auxiliares do chefe do Executivo preveem que as sabatinas de Flávio Dino e Paulo Gonet ocorrerão ainda neste ano. O calendário é definido pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Aliado do Planalto, ele deve oferecer facilidades para acelerar a tramitação.
A possibilidade de uma análise rápida, contudo, não significa que a aprovação dos nomes será simples, especialmente no caso de Dino. O atual ministro da Justiça e Segurança Pública tem muitos desafetos no Congresso. Além da análise na CCJ, onde os indicados precisam responder a questionamentos encaminhados pelos parlamentares, depois os nomes serão submetidos ao plenário para votação secreta.
A aprovação de Gonet, que atualmente é subprocurador-geral da República, para comandar a PGR é dada como certa. De perfil discreto, ele é considerado conservador e com histórico de atuação "constitucionalista", ou seja, dentro do perfil que a maioria da classe política deseja.
No caso de Dino, o passado como juiz federal e professor de Direito o habilita tecnicamente ao cargo. Mas as brigas políticas em que se envolveu como governador do Maranhão e principalmente no atual cargo de ministro geraram fortes pontos de resistência no Congresso.
A tendência, porém, é de que ele seja aprovado com apoio do grupo que tem Alcolumbre e o atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), como lideranças. Mas isso exigirá disposição de Lula em ajustar alguns ponteiros na relação com o Senado.
Nas últimas semanas, os senadores deixaram claro que a relação da base governista piorou. A fragilidade ficou evidente na aprovação de um projeto que limitou poderes do STF. O caso acendeu um alerta em Lula e seus auxiliares, que também esperam aprovar no Legislativo uma série de medidas na área econômica até o final do ano.
Lula já deu início às discussões sobre o substituto de Dino na Esplanada. A solução deve ser encontrada até o final do ano, junto a outros ajustes em sua equipe ministerial, que buscarão de vez consolidar a base no Congresso.