Indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao comando da Procuradoria-Geral da República (PGR), o atual subprocurador-geral Paulo Gonet é um homem de perfil discreto, um constitucionalista tido por seu pares como conservador, religioso, ponderado e conciliador.
Ex-integrante da equipe de Raquel Dodge, é católico fervoroso e adepto da ordem Opus Dei. Além da religiosidade, tem como marcas o equilíbrio e habilidade conciliadora. Gonet chegou a ser cogitado para o cargo, ao qual foi agora indicado por Lula, durante a gestão de Jair Bolsonaro. Chegou a se reunir com o ex-presidente, que, à época, afirmou querer um PGR alinhado ao seu governo, mas acabou optando pelo nome de Augusto Aras.
Gonet faz parte do Ministério Público Federal (MPF) desde 1987 e foi parceiro do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Atualmente, ocupa a posição de vice-procurador-eleitoral, desempenhando um papel ativo nas ações que resultaram na inelegibilidade de Bolsonaro.
Membros do MPF destacam semelhanças entre o estilo de trabalho de Gonet e o de Aras, caracterizado por uma abordagem mais clássica, centrada em pareceres e orientada para uma postura reativa e processual. Por outro lado, antecipam uma possível mudança devido ao perfil pessoal do subprocurador, considerado extremamente acessível e habilidoso no trato interpessoal.
Colegas de trabalho de Gonet o descrevem como um homem com "sentido de família', educado e reservado. Embora tido como conservador — em especial diante de pautas de costumes, em razão da religiosidade —, um procurador próximo do vice-PGR ressalta que Gonet é sensível a questões sociais, ambientais e de direitos humanos, "consciente de seu papel como operador de direito".
Amigos dizem que ele gosta de caminhar e brincam que é um "glutão", ou seja, aprecia uma boa comida.