
À venda desde 2018, a Braskem pode se tornar uma empresa controlada por bancos, principais credores de sua maior acionista, a Novonor (ex-Odebrecht). Dona da maior parte do polo petroquímico do Estado, a companhia pode ser gerida por uma empresa que já foi dona de uma unidade independente, a Polo Films, hoje parte da Innova.
Conforme informações do jornal Valor Econômico, os principais credores da Novonor teriam cansado de esperar uma "solução de mercado" – venda, com pagamento da dívida. Agora, Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e BNDES estariam dispostos a assumir o controle da Braskem ao lado da Petrobras, segunda maior acionista.
As participações conjuntas formariam um fundo de investimento em participações (FIP), que seria gerido pela Geribá Investimentos, que comprou a fabricante de material para embalagens Polo Films da Unigel em 2018 e a vendeu à Innova no ano passado.
Os cinco bancos têm ações da Braskem que foram dadas em garantia pela Novonor de uma dívida hoje estimada em R$ 15 bilhões. Teriam decidido converter esses papéis de preferenciais em ordinários, ou seja, obter com isso direito sobre as decisões da companhia.
Caso o processo avance, dividiriam o controle com a Petrobras. Segundo o Valor, já estariam negociando com a estatal um novo acordo de acionistas para a petroquímica. Não está claro se a Novonor ainda teria alguma participação nessa nova configuração.
Atualização: a Petrobras enviou nota oficial sobre o assunto, na qual afirma ter feito due dilligence (espécie de auditoria aprofundada, realizada antes de fechamento de negócios) na Braskem "para eventual exercício de tag along ou direito de preferência na hipótese de alienação das ações detidas pela Novonor" e "segue estudando alternativas". A estatal não negou a tentativa dos bancos.
O imbróglio da Braskem
A Braskem está à venda desde 2018. A companhia é controlada pela Novonor (ex-Odebrecht), que entrou em crise depois da operação Lava-Jato. A empresa privada tem 38,3% do capital total da Braskem e 50,1% das ações ordinárias, enquanto a Petrobras tem 36,1% do e 47% das ordinárias.
O primeiro ensaio, em 2019, foi uma tentativa de evitar a recuperação judicial da então Odebrecht. Mas fracassou, por falta de transparência na avaliação dos passivos por danos na mineração de sal-gema em Maceió (AL). Não por acaso, o pedido de RJ veio 15 dias depois.
Desde então, a Braskem fez sucessivas reavaliações sobre suas despesas com indenizações a moradores, à prefeitura da capital alagoana e ao governo do Estado. Atualmente, está por volta de R$ 18 bilhões. Ainda houve uma tentativa de venda à estatal de petróleo de Abu Dhabi, a Adnoc, que também não avançou.