Após prejuízo entre abril e junho deste ano, a Melnick voltou a fechar no positivo, com lucro líquido de R$ 36 milhões no terceiro trimestre, crescimento de 146,6% ante mesmo período de 2023.
Entre julho e setembro, a incorporadora lançou quatro empreendimentos com valor geral de vendas líquido (VGV, quantia esperada com os negócios) de R$ 225 milhões. Vendeu 53% do total no período.
Para Leandro Melnick, CEO da empresa, a rápida volta a resultados positivos é um sinal da reação da economia gaúcha depois do dilúvio de maio:
— A compra de um imóvel é uma decisão de longo prazo, muitas vezes com financiamento de 20 anos. Isso exige confiança, algo que tinha de ser restabelecido depois da enchente. Por isso, tínhamos grande expectativa sobre esse resultado, que significa muito não só para a empresa, mas para o Estado.
Leandro destaca, ainda, que os lançamentos são de nichos muito diferentes. Houve um de médio/alto padrão, o Yofi, no bairro Bom Fim, um para investidores (GO Moinhos, na Rua 24 de Outubro), um na terceira faixa do Minha Casa Minha Vida (Open Alto Ipiranga, no bairro Agronomia) e um em Canoas (Grand Park Moinhos), cidade muito impactada pela enchente.
A velocidade de vendas, de 53% das vendas dos lançamentos dentro do mesmo trimestre, é acima da média:
— É uma velocidade forte para um bom momento da economia.
Outro aspecto que reforça a perspectiva de retomada, diz Leandro, é a volta do ritmo habitual nas obras:
— A cadeia de produção da construção civil é muito difusa. Tem fornecedor de gesso, de vários outros componentes, muita mão de obra básica que reside em zonas mais atingidas. Nosso receio era de que o impacto nos prazos fosse continuado, mas o ritmo se normalizou.
Somados os três trimestres deste ano, a Melnick registrou um VGV líquido de R$ 843 milhões, 15% superior ao volume total lançado em 2023. E o plano da empresa é manter uma média de 15 anos: distribuir 90% dos lucros sob a forma de dividendos. Em tempos de bolsa de valores sem alta forte, os investidores valorizam esse perfil. E a Melnick tem capital aberto - ou seja, vende ações na bolsa - desde 2002.
O terceiro trimestre ainda foi marcado por uma mudança societária na Melnick. A Melpar, holding da família que dá nome à empresa, aumentou sua participação de 26% para cerca de 47%. E a Real Investor Asset Management, que tem cerca de R$ 8 bilhões sob gestão, também aumentou sua fatia de 10% para 17,8%, encerrando associação com a paulista Even, iniciada em 2008.
*Colaborou João Pedro Cecchini