Não é só sobre o horário de verão que o apagão em São Paulo - há cerca de 530 mil consumidores sem luz desde sexta-feira até esta segunda-feira (14) - provoca pressão. A reação do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também foi exacerbada no final desta manhã.
Silveira disse que o comportamento da distribuidora Enel é "absurdo", acusou o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes - candidato à reeleição contra Guilherme Boulos, apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva - de ser "fabricante de fake news" e o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, de agir com "covardia" por não estar presente nessa lavagem de roupa suja.
Mesmo usando esse tom e essas palavras, Silveira criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro, que "agredia" diariamente gestores públicos. Se é verdade que o comportamento da Enel exaspera, também seria adequado que, para mostrar diferença em relação à administração anterior, o linguajar fosse mais republicano.
Uma das principais críticas do ministro à Enel é o fato de não haver previsão de quando o abastecimento será normalizado. Voltou a expor, ainda, o fato de a distribuidora, privatizada em 2018, ter feito demissões em número superior ao que seria razoável para ter atendimento em situações de contingência. Foi uma iniciativa semelhante à que ocorreu no Estado com a Equatorial.
Este é o terceiro apagão em 11 meses na Grande São Paulo: em novembro de 2023, abril deste ano, quando clientes ficaram sem energia por mais de nove dias e agora. Desta vez, precisou de ajuda de outra quatro concessionárias: Neonergia, Energisa, CPFL e Light.
Outra vez, volta à discussão a possibilidade de cassação da concessão. Desta vez, a proposta foi feita pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (leia aqui), um habitual defensor de privatizações. Como a coluna insiste, a empresa pode ser privada, mas o serviço é público e essencial. Por isso, cobranças e gestão de consequências são necessários. A adjetivação, não.