O jornalista Anderson Aires colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
Em um ambiente ainda de retomada, o comércio gaúcho apresenta movimentos distintos. Após três meses seguidos de alta, o volume de vendas do varejo apresentou queda de 0,7% em agosto ante o mês anterior, segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Por outro lado, o comércio varejista ampliado, que inclui veículos, material de construção e atacado de produtos alimentícios na conta, teve alta de 1,9% em agosto no Estado — um dos destaques pelo lado positivo no país.
A gangorra entre os dois indicadores pode ser explicada em parte pelo momento da reconstrução do Estado. Logo após a passagem da enchente de maio, boa parte do consumo das famílias ficou concentrado em produtos do chamado varejo restrito, com destaque para móveis, eletrodomésticos, hiper e supermercados. Agora, o foco parece ter sido transferido com mais intensidade para itens do comércio ampliado diante das necessidades de reconstrução e locomoção que seguem presentes.
— O setor de materiais de construção é bastante ativado por conta desse necessário processo de reconstrução, parte de veículos também, não só com relação à reposição de perdas materiais, como também dessa diminuição dos bloqueios nas estradas, da melhoria gradual dos gargalos logísticos — avalia o economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank.
O economista destaca que a ligeira queda no chamado varejo restrito não chega a ser uma tragédia, porque o volume de vendas nesse ramo está sendo comparado com uma base mais forte. Além disso, alguns setores, como o de hipermercados, seguem em patamar elevado.
Como estamos às vésperas do fim do ano, época de ouro para o varejo, existe uma tendência de aquecimento das vendas. No entanto, como parte dos benefícios de transferência de renda foram antecipados no combate à enchente, existe "um asterisco" quanto ao potencial desse avanço, segundo o economista.
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