Não foi culpa só do efeito das queimadas sobre preços de alimentos a nova acelerada na inflação. Conforme o IBGE, o custo da habitação subiu 1,8% e pesou no IPCA de setembro.
Essa pressão veio das tarifas de energia elétrica residencial, que dispararam 5,36% como resultado da adoção da bandeira vermelha nas contas, definida também por efeito climático.
Segundo o IBGE, o impacto de 0,21 ponto percentual no IPCA corresponde a 47,7% da alta de 0,44% em setembro. Com isso, índice oficial reverteu a “deflação” — mais uma estabilidade — de -0,02% em agosto.
Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada está em 4,42%, acima dos 4,24% observados nos 12 meses anteriores.
Devido à grave seca que chega a afetar mais da metade do país, há preocupação com o funcionamento das hidrelétricas. Sem chuva, os reservatórios diminuem e é preciso acionar usinas térmicas para garantir o abastecimento de energia elétrica.
Como exigem compra de combustível — nas hídricas, basta chover — são mais caras. Por isso, a bandeira passou de verde para vermelha patamar 1 no mês passado. Isso gera cobrança extra de R$ 4,46 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos pelas famílias.
Essa seca e sua consequência sobre os preços é uma das justificativas para o Operador Nacional do Sistema (ONS) ter recomendado a retomada do horário de verão.
Mesmo já esperada, a reaceleração inflacionária confirma o cenário descrito na véspera pelo futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo: o juro vai ficar mais alto e por mais tempo para que os preços baixem.